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Comportamento social

O Coração Ainda Bate: Reflexões sobre Envelhecer e Autenticidade

O Coração Ainda Bate: Reflexões sobre Envelhecer e Autenticidade


Refletir sobre o envelhecimento e a beleza é essencial. Este artigo discute como valorizamos nossas experiências em vez da aparência.
03 março 2025
Refletir sobre o envelhecimento e a beleza é essencial. Este artigo discute como valorizamos nossas experiências em vez da aparência.
03 março 2025
O Coração Ainda Bate: Reflexões sobre Envelhecer e Autenticidade

Nunca abdiquemos do que vivemos. Ao explorar registros do passado, como recortes de jornais e fotografias, somos transportados para momentos diferentes da nossa vida. Muitas vezes, apesar do tempo, refletimos sobre a mudança da aparência e o que ela representa. Ao olhar para essas imagens, notamos como a nossa jornada nos moldou e como as experiências que vivemos são mais significativas do que qualquer sinal de envelhecimento.

Quando eu comecei minha trajetória na televisão, recordo de um momento em que um executivo me disse que eu precisava sorrir mais. Naquele instante, percebi que aquilo não era o que eu buscava. O sorriso forçado e a máscara da superficialidade não eram parte de mim. Eu sempre acreditei que a autenticidade e a verdade são mais valiosas do que a imagem projetada. A vida deve ser vivida plenamente, não encenada como um espetáculo.

Com o passar do tempo, nos esquecemos de que a nossa pele já foi lisa e que a juventude é uma fase passageira. Nossas experiências, alegrias e sofrimentos são marcas que carregamos com dignidade. A falta de preocupação com a aparência e a aceitação do próprio ser são sinais de maturidade. Afinal, é mais importante vivermos o presente com qualidade do que estarmos presos a padrões de beleza que não nos representam.



O envelhecimento é um tema delicado, especialmente para as mulheres, que frequentemente se pressionam a manter uma aparência jovem. Muitas vezes, a preocupação com a idade e a aparência se torna uma fadiga mental, que pode interferir na felicidade. O que realmente importa é como nos sentimos por dentro. A liberdade de vivermos de acordo com quem somos, sem a necessidade de validação externa, é um grande passo em direção ao bem-estar. O tempo, por pior que possa parecer, traz conhecimento e experiências preenchedoras.

A linha entre a vaidade e a aceitação é tênue. A sociedade prega a ideia de que devemos sempre parecer mais jovens, mas as rugas e os sinais do tempo são simplesmente reflexos da vida que levamos e dos momentos que nos definem. Ao invés de temer o envelhecimento, devemos abraçar cada fase da vida com gratidão. As lembranças e as vivências são o que realmente nos tornam únicos.

Os julgamentos da sociedade podem ser opressivos, mas viver de forma autêntica é libertador. As expectativas sobre o que significa estar “bem” podem ser uma prisão. Em vez de nos perdemos em preocupações fúteis sobre a aparência, devemos valorizar aquilo que realmente traz alegria e significado às nossas vidas. A autoestima deve vir de dentro e não estar ancorada na busca por um ideal inatingível que muitas vezes não é nem mesmo real.



Ao resgatar aquelas fotografias antigas, sinto uma profunda satisfação pelo que vivi. Cada lembrança e cada cicatriz emocional contada pelo meu corpo são um testemunho de superação e de crescimento. O que importa, no final das contas, é estarmos presentes, aproveitando as experiências que a vida nos oferece. Haverá sempre alguém disposto a avaliar nossa aparência, mas nosso verdadeiro valor reside no que somos e em como lidamos com cada desafio que a vida nos propõe.

As rugas não devem ser encaradas como um problema, mas como recordações de uma vida ricamente vivida. O coração ainda bate com vitalidade, permitindo que continuemos a escrever nossa história. Em um mundo cheio de superficialidade, o que realmente vale é a conexão com o que somos por dentro. E, mesmo que o tempo passe, o que mais desejo é manter a essência do que sou, independentemente das expectativas alheias.

Por fim, é essencial lembrar que a vida nos proporciona constantes oportunidades de crescimento. Envelhecer é um privilégio que poucos obtêm, e devemos celebrá-lo. A verdadeira beleza surge da sabedoria e da experiência. Jamais abdicarei do que vivi para, no lugar, ter menos rugas. E essa é uma escolha que talvez todos devêssemos fazer, valorizar nossa história e nosso ser.

Fonte:


https://www.publico.pt/2025/03/03/impar/cronica/coracao-bate-aqui-2124537
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