Comportamento social
Geração Z e o Futuro do Trabalho: Desafios e Oportunidades em um Mundo Digital
Geração Z e o Futuro do Trabalho: Desafios e Oportunidades em um Mundo Digital
A evolução do trabalho com a Inteligência Artificial e o teletrabalho traz promessas de flexibilidade, mas também desafios de precariedade para a geração Z.
A evolução do trabalho com a Inteligência Artificial e o teletrabalho traz promessas de flexibilidade, mas também desafios de precariedade para a geração Z.

Nos últimos anos, o avanço da Inteligência Artificial e o teletrabalho transformaram a maneira como encaramos o emprego, especialmente entre as novas gerações. A geração Z, que já nasceu em um mundo tecnológico, percebe o futuro do trabalho como uma promessa de flexibilidade e inovação, mas também como um cenário repleto de desafios que incluem a precariedade e a alta competição no mercado global.
A digitalização permitiu a ascensão de modelos de trabalho remoto e híbrido, possibilitando que diversas funções sejam desempenhadas de qualquer lugar do mundo. Essa liberdade, tão desejada por gerações anteriores, se tornou algo comum para os jovens de hoje. Entretanto, esse novo modelo traz um paradoxo: aumenta as oportunidades de trabalho criativo, mas também a pressão para estar disponível em tempo integral.
Além disso, o uso de algoritmos para gerenciar equipes e processos de recrutamento levanta questões sobre a equidade no tratamento dos colaboradores. A Inteligência Artificial pode acelerar a análise de desempenho, mas, se alimentada com dados tendenciosos, pode perpetuar desigualdades e prejudicar grupos sub-representados. Por outro lado, a automatização de tarefas repetitivas pode liberar tempo dos profissionais para focarem em atividades mais criativas, algo que a geração Z valoriza.
No entanto, é crucial reconhecer que a mesma IA que promete eficiência também pode tornar obsoletos os empregos que não exigem habilidades digitais. Para os jovens que agora ingressam no mercado, isso pode intensificar a batalha pela relevância. Muitas perguntas emergem: como evitar que essa geração, tão à vontade com o digital, se torne refém do fenômeno de job hopping? Como garantir que eles tenham acesso a formação contínua e a políticas de proteção social que se alinhem com as dinâmicas da gig economy?
As respostas a estas questões exigem um esforço conjunto de empresas e governos. As entidades empregadoras precisam repensar suas estratégias de recrutamento e retenção, investindo em capacitação e criando oportunidades internas de crescimento. Paralelamente, as políticas públicas devem evoluir para apoiar essas mudanças, incluindo programas de formação financiados pelo Estado e mecanismos de proteção para trabalhadores independentes.
Embora a geração Z valorize a flexibilidade laboral, é crucial que a flexibilidade não se traduza em insegurança. A competitividade global, impulsionada pelas plataformas digitais, pode levar a uma busca desenfreada por trabalhos temporários, frequentemente sem perspectiva de crescimento ou direitos trabalhistas. Sem medidas adequadas para dotar essa geração de habilidades adaptativas, corremos o risco de aumentar a rotatividade e as desigualdades.
Olhando para o futuro, é vital que consigamos equilibrar a inovação com a justiça laboral. A questão não reside apenas na IA, mas na maneira como formulamos regras e práticas laborais que priorizem o bem-estar dos trabalhadores, em vez de seguir apenas os interesses imediatos das empresas. A inclusão da voz da geração Z na formulação de políticas e na criação de plataformas trabalhistas éticas é fundamental para evitar que se tornem vítimas de modelos de emprego insustentáveis.
A geração Z tem mostrado que anseia por mais do que apenas um emprego; eles desejam propósito, equilíbrio e responsabilidade social. Portanto, é imprescindível que empresas, governos e a sociedade em geral reconheçam que o futuro do trabalho não precisa ser sinônimo de precariedade. Podemos, na verdade, construir um novo pacto social que integre as tecnologias digitais, incluindo a Inteligência Artificial, como aliadas na promoção do bem-estar coletivo e na construção contínua de uma economia mais justa e sustentável.
Fonte:
https://www.publico.pt/2025/02/03/p3/cronica/zoom-slack-ia-geracao-z-conquista-nao-futuro-trabalho-2120768