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Comportamento social

Análise do Cortiço de Aluísio Azevedo: Uma Reflexão sobre a Degradação Humana

Análise do Cortiço de Aluísio Azevedo: Uma Reflexão sobre a Degradação Humana


Descubra a profundidade de O Cortiço de Aluísio Azevedo, uma reflexão sobre a degradação do homem e da sociedade, além de suas complexas personagens.
15 março 2025
Descubra a profundidade de O Cortiço de Aluísio Azevedo, uma reflexão sobre a degradação do homem e da sociedade, além de suas complexas personagens.
15 março 2025
Análise do Cortiço de Aluísio Azevedo: Uma Reflexão sobre a Degradação Humana

A literatura brasileira do século XIX é marcada por uma rica produção que reflete os desafios e as transformações da sociedade da época. Uma das obras mais emblemáticas desse período é O Cortiço, escrito por Aluísio Azevedo. O livro, publicado em 1890, é um verdadeiro retrato das desigualdades sociais, abordando a vida no Rio de Janeiro através de uma narrativa densa e envolvente. Azevedo, com seu estilo único e crítica mordaz, utiliza personagens e situações para expor as nuances da condição humana, revelando as tensões presentes nas interações entre diferentes classes sociais. Neste artigo, vamos explorar as profundidades dessa obra, destacando a importância do estilo na escrita de Azevedo e como seus personagens refletem as vilanias e virtudes da sociedade carioca.

A trama do livro gira em torno de João Romão, um português que deseja ascender socialmente a qualquer custo, e sua escrava Bertoleza, que acredita ter sido libertada. Ao longo da narrativa, somos apresentados a uma série de personagens que interagem nesse microcosmo social, como o aristocrata Miranda, que simboliza a elite da época. Azevedo faz um trabalho primoroso ao desenvolver essas figuras, mostrando suas características e comportamentos que, embora particulares, ilustram um panorama mais amplo da sociedade. A complexidade de cada personagem permite ao leitor uma compreensão mais profunda das motivações humanas e das realidades cruas daquele tempo.

Uma das principais críticas que se pode fazer ao Cortiço é a interpretação que muitos fazem, reduzindo a obra a uma simples crítica política. No entanto, Azevedo vai além ao tratar da degradação do homem e da moralidade. A narrativa não apresenta heróis, mas sim pessoas comuns em suas lutas diárias, refletem a fragilidade das relações humanas. Azevedo revela que, em um ambiente dominado pela ganância e pelo desejo de ascensão social, os valores éticos são frequentemente corrompidos. Ao invés de um entendimento unicamente político, o autor nos oferece um mergulho nas entranhas da sociedade, onde misérias e aspirações coexistem em um mesmo espaço.



Além da análise das classes sociais, O Cortiço também destaca um tema importante: a luta pela sobrevivência. Os personagens não estão somente interessados em ascender, mas também em encontrar um espaço seguro dentro de uma realidade adversa. João Romão exemplifica essa ambição, enquanto Bertoleza representa aqueles que foram esquecidos, mas ainda lutam por uma identidade e por uma voz. O conflito entre esses indivíduos ilustra a fragilidade das relações interpessoais, que são constantemente testadas pela pobreza e pela opressão. No fundo, Azevedo convida o leitor a refletir sobre a condição humana em um contexto de desprezo e descaso, mostrando que a luta para sobreviver pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição.

A narrativa de Azevedo, portanto, é uma crítica social e moral, que vai além da superfície. Ele destaca a realidade vivida pelos moradores do cortiço, revelando não apenas suas aspirações, mas também suas desilusões. Ao apresentar essa complexidade humana, o autor convida os leitores a compreenderem as forças que moldam as vidas de cada personagem. Ao invés de traçar uma linha entre o bem e o mal, Azevedo expõe um espectro de moralidade que reflete a vida real, onde cada escolha tem repercussões. Isso torna a leitura da obra não apenas enriquecedora, mas essencial para quem busca entender as raízes de nossa sociedade.

Por fim, ao revisar O Cortiço, fica claro que a obra de Aluísio Azevedo transcende o tempo. Embora escrita há mais de um século, suas reflexões sobre a trajetória humana continuam sendo pertinentes. Azevedo, ao invés de impor uma visão política, apresenta um quadro do que é viver em uma sociedade em constante transformação. Esse retrato da luta diária pelas sobrevivências e pelas aspirações individuais ressoa profundamente, tornando O Cortiço uma leitura obrigatória para todos que desejam compreender não apenas a literatura brasileira, mas também as intricadas relações que compõem a vida em sociedade.



Assim, O Cortiço se solidifica como uma das obras-primas do naturalismo brasileiro. É um convite à reflexão sobre a condição humana, uma análise que resgata a realidade de um Brasil em transição. Através de uma prosa repleta de detalhes e uma construção de personagens memoráveis, Azevedo nos apresenta um mundo onde a degradação e a luta pela sobrevivência caminham lado a lado. Para os interessados em literatura e cultura, esta obra é, sem dúvida, fundamental. Em suas páginas, Azevedo não apenas narra uma história, mas nos provoca a repensar nosso papel dentro da sociedade e as relações que estabelecemos com o outro. Através de uma escrita visceral, ele nos leva a perceber que todos somos, de alguma forma, personagens neste cortiço chamado vida, onde cada um busca seu lugar e sua dignidade diante das adversidades.

A leitura de O Cortiço torna-se, portanto, uma experiência que vai além do mero entretenimento literário. É um chamado à empatia e à compreensão das lutas que muitas vezes permanecem invisíveis aos nossos olhos. O que Azevedo realiza de maneira brilhante é nos mostrar que por trás de cada rosto há uma história, um desejo, uma dor. Nossa sociedade, marcada ainda por tantas desigualdades, pode se beneficiar das lições que essa obra nos oferece, levando-nos a refletir sobre como podemos construir um futuro mais justo e humano. Se você ainda não leu O Cortiço, considere incluir essa obra em sua lista e descubra por que ela continua a ressoar com tanta força, mesmo após todos esses anos.

Com isso, encerramos nossa reflexão sobre O Cortiço. A obra de Aluísio Azevedo é riquíssima não só em sua narrativa, mas também em suas consequências sociais e morais. Levar sua mensagem é crucial para entendermos como a literatura pode impactar nosso olhar sobre o mundo e as relações que estabelecemos. Continue sua jornada na literatura brasileira, e não se esqueça de revisitar as obras que desvendam a alma humana em toda sua complexidade.

Fonte:


https://revistaoeste.com/cultura/o-cortico-de-aluisio-azevedo-nao-e-sobre-politica-e-sobre-a-degradacao-do-homem/
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