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A Imprensa Brasileira em Crise: O PIX e o Consenso Social Que Fugiu do Controle

A Imprensa Brasileira em Crise: O PIX e o Consenso Social Que Fugiu do Controle


Quando a narrativa escapa das mãos da mídia: como a polêmica em torno do PIX expõe a perda de protagonismo da imprensa tradicional no Brasil.

16 janeiro 2025

Quando a narrativa escapa das mãos da mídia: como a polêmica em torno do PIX expõe a perda de protagonismo da imprensa tradicional no Brasil.

16 janeiro 2025

A recente decisão do governo de revogar uma medida relacionada ao PIX não apenas gerou debates acalorados, mas também colocou em evidência uma tendência que vem se intensificando nos últimos anos: a incapacidade da mídia tradicional de liderar o consenso social. Pela primeira vez em muito tempo, uma polêmica de grande alcance não foi dominada pelas grandes redações, mas por vozes independentes e redes sociais. Este artigo analisa como esse episódio reflete uma mudança profunda na forma como a sociedade brasileira consome informação e forma opinião.

O Caso PIX: Um Ponto de Inflexão

A decisão do governo de voltar atrás em uma medida sobre o PIX, após críticas vindas de vários setores da sociedade, marcou um momento simbólico. O deputado Nicolas Ferreira foi uma das vozes mais ativas na denúncia contra a medida. Sua crítica pública ganhou força e foi amplamente apoiada pela população. Quando o governo reconheceu o erro e revogou a decisão, ficou claro que a narrativa defendida pela imprensa tradicional estava em desalinho com o sentimento popular.

Os principais veículos de comunicação, que frequentemente assumem uma posição de defesa incondicional das medidas governamentais, entraram em "parafuso". Enquanto figuras como Eliane Cantanhêde classificavam as críticas à medida como "crime" por desacreditar instrumentos públicos, a sociedade observava o governo admitir seu erro. Isso reforçou a percepção de que a imprensa estava desconectada da realidade e da vontade popular.

Perda de Credibilidade e a Formação do Consenso Social Fora da Imprensa

A habilidade de moldar narrativas e influenciar opiniões sempre foi uma das principais ferramentas de poder da mídia tradicional. Contudo, o cenário mudou drasticamente com o advento das redes sociais e de vozes independentes que desafiam as versões oficiais. Neste episódio, o consenso social foi formado em plataformas alternativas, deixando a mídia tradicional para trás.

A reação da imprensa, porém, foi marcada por uma insistência em narrativas que não encontraram ressonância. A classificação de críticas como "fake news" ou "ataques" apenas fortaleceu a desconfiança em relação à imparcialidade desses veículos. Essa desconexão reflete um momento histórico: pela primeira vez, a imprensa perdeu o monopólio da formação de opinião pública no Brasil.

A Polêmica em Torno da Crítica ao Governo

Um dos aspectos mais controversos desse episódio foi a tentativa de criminalizar a crítica ao governo. Quando jornalistas e comentaristas afirmam que questionar medidas públicas é um "crime", lançam mão de uma estratégia perigosa que enfraquece a essência da democracia. Afinal, a liberdade de expressão e o direito de criticar são pilares fundamentais de um estado democrático.

Essa posição gerou reações adversas inclusive entre setores da esquerda, que reconheceram a validade das críticas e o impacto positivo de forçar o governo a corrigir um erro. Ao se posicionar contra o debate público, a imprensa não apenas perdeu credibilidade, mas também alienou parte de sua própria base de apoio.

Contexto Atual: A Imprensa e Outras Crises de Legitimidade

Esse episódio não é isolado. Recentemente, vimos situações similares, como a polarização em torno das eleições presidenciais e os debates sobre a liberdade de expressão nas redes sociais. Em ambos os casos, a mídia tradicional foi acusada de atuar mais como uma parte interessada do que como mediadora imparcial. A crise do PIX apenas reforça essa tendência.

Outro paralelo relevante é o crescente uso de plataformas digitais para disseminar informações que contrastam com as narrativas tradicionais. O público, cada vez mais empoderado pelo acesso direto à informação, passa a questionar as "verdades absolutas" propagadas por grandes veículos. A transparência e a diversificação das fontes de informação tornam-se as principais armas contra o monopólio da mídia.

A cobertura midiática sobre a polêmica do PIX revelou um viés preocupante:

A tentativa de classificar como fake news discussões legítimas sobre mudanças que impactam diretamente as camadas mais pobres da população. Não se tratava da criação de um imposto sobre o PIX, mas da possibilidade de trabalhadores informais serem tributados pelo imposto de renda com base em movimentações financeiras superiores a R$ 5 mil.

Essa abordagem penaliza os mais vulneráveis, enquanto os ricos contam com contadores para organizar suas declarações e se protegerem. A imprensa, em defesa do governo, muitas vezes rotulou essas pessoas como sonegadoras, ignorando que movimentação financeira não é sinônimo de renda. Essa confusão não apenas distorce a realidade, mas reforça uma narrativa que criminaliza quem mais depende de sistemas informais para sobreviver.

O Futuro da Informação no Brasil

Com a perda de protagonismo da imprensa tradicional, surge uma nova dinâmica no consumo de informação. A descentralização das narrativas abre espaço para um debate mais plural e inclusivo, mas também exige maior responsabilidade de todos os envolvidos. Cabe aos cidadãos discernir entre informações verídicas e manipuladas, assim como às novas plataformas garantir espaços para o contraditório.

A imprensa tradicional, por sua vez, precisa repensar seu papel. Reaproximar-se da população e recuperar a confiança perdida demandará transparência, imparcialidade e humildade para reconhecer erros.

O Desafio da Mídia: Adaptar-se ou Perder a Relevância

A polêmica envolvendo o PIX e a reação desesperada da mídia tradicional evidenciam uma mudança de paradigmas no Brasil. O consenso social, agora formado fora das redações, representa um desafio e uma oportunidade. Cabe à imprensa escolher entre insistir em narrativas que não encontram eco ou adaptar-se a um novo cenário em que o público é o verdadeiro protagonista.

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