Diversidade e Inclusão
Iniciativa transforma acesso à cultura com peças museológicas para invisuais em Coimbra
Iniciativa transforma acesso à cultura com peças museológicas para invisuais em Coimbra

A acessibilidade cultural é um aspecto fundamental numa sociedade diversa e inclusiva. Cada vez mais, instituições culturais estão se empenhando para garantir que todos, independentemente de suas condições físicas, possam desfrutar da herança cultural de suas comunidades. Um exemplo emblemático disto é o projeto desenvolvido pelo Museu Nacional Machado de Castro (MNMC) em colaboração com o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) em Coimbra. Essa iniciativa inovadora tem como foco a inclusão de pessoas com deficiência visual em experiências culturais, criando um ambiente onde todos possam refletir sobre a arte e o patrimônio cultural.
O principal objetivo do projeto é criar peças museológicas adaptadas que possam ser tocadas e manuseadas por pessoas invisuais. Para viabilizar essa proposta, a primeira obra selecionada para a reprodução foi a estátua equestre do rei D. José I, realizada em terracota. A escolha dessa peça icônica reflete a importância de conectar as gerações atuais com a história nacional, ao mesmo tempo em que promove a inclusão social e cultural. A recriação da estátua começou com um processo tecnológico avançado que inclui digitalização em 3D, revisão do modelo digital e, por último, impressão 3D da réplica.
Além da produção das peças, o MNMC se comprometeu a fornecer materiais complementares, como textos em braille, assegurando uma experiência acessível e rica em informações para os visitantes. Essa abordagem amplia o entendimento da arte e da cultura para o público que, por vezes, é excluído dessas experiências. A iniciativa reforça a ideia de que o patrimônio cultural deve ser de todos, com o mínimo de barreiras possível.

O desenvolvimento do projeto não se limita apenas à reprodução de obras de arte, mas estende-se à criação de um protocolo entre o MNMC e o CTCV. Esse documento estabelece um compromisso mútuo que vai além da primeira peça e contempla a produção de mais recursos pedagógicos adaptados para pessoas com deficiência visual. A colaboração entre as instituições é um exemplo claro e concreto do que pode ser realizado quando se une força e conhecimento para promover a acessibilidade.
Na sociedade atual, é imprescindível reconhecer o valor da inclusão cultural. Pessoas com deficiência visual têm muito a oferecer e suas perspectivas únicas podem enriquecer a experiência de todos. Portanto, a acessibilidade cultural vai além de um simples acesso; trata-se de criar um espaço onde a diversidade possa ser celebrada e onde todos possam sentir-se parte da história e da cultura que nos define. Essa visão é crucial para moldar as instituições culturais do futuro.
Outro ponto importante é a utilização de tecnologia para facilitar esse processo. A digitalização em 3D não apenas permite a criação de réplicas fiéis, mas também possibilita o armazenamento de dados e a possibilidade de futuras inovações. Essa abordagem tecnológica representa um avanço significativo na preservação do patrimônio cultural, ao mesmo tempo em que democratiza o acesso à cultura através da inovação.
Como resultado, podemos afirmar que o projeto entre o Museu Nacional Machado de Castro e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro é um modelo a ser seguido por outras instituições culturais. A experiência adquirida pode ser replicada em obras de diversas épocas e estilos, criando uma rede de acesso ampliada. Com esse entendimento, é possível abrir portas para que outros museus e centros culturais em todo o país adotem práticas semelhantes. A cultura é um direito que deve ser ampliado a todos os cidadãos, sem distinção.
Por fim, a crescente preocupação com a acessibilidade cultural reflete uma mudança positiva na forma como vemos e interagimos com a arte. Um mundo onde todos podem tocar, sentir e experimentar a cultura é um mundo mais justo e igualitário. Através de iniciativas como essa, estamos um passo mais próximos de garantir que o patrimônio cultural seja verdadeiramente compartilhado por toda a sociedade.
A inclusão cultural não é apenas uma questão de direito, mas sim um reflexo da saúde de uma sociedade. Projetos como o do MNMC e do CTCV mostram que a inovação e a colaboração são essenciais para construir um ambiente onde todos possam desfrutar das ricas tapeçarias culturais que nos cercam, provando que a cultura é um patrimônio de todos.