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Diversidade e Inclusão

Estudante de medicina é eliminada em cota racial, apesar de ser aprovada no vestibular

Estudante de medicina é eliminada em cota racial, apesar de ser aprovada no vestibular


Mariana Abreu Santos Póvoa, de 20 anos, foi aprovada em Medicina na UnB, mas não reconhecida pela banca de heteroidentificação. Conheça sua história.
02 de março de 2025
Mariana Abreu Santos Póvoa, de 20 anos, foi aprovada em Medicina na UnB, mas não reconhecida pela banca de heteroidentificação. Conheça sua história.
02 de março de 2025
Estudante de medicina é eliminada em cota racial, apesar de ser aprovada no vestibular

O Caso de Mariana Abreu Santos Póvoa: A Luta por Vagas nas Cotas Raciais

Mariana Abreu Santos Póvoa, uma jovem de 20 anos, se autodeclara parda e foi aprovada no vestibular de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Apesar de ter atingido a nota necessária, sua jornada se complicou ao não ser reconhecida como negra pela banca de heteroidentificação da universidade. Este caso ilustra as complexidades e controvérsias em torno da aplicação das cotas raciais no sistema educacional brasileiro.

A Universidade de Brasília é uma das instituições que utiliza o sistema de cotas raciais, o qual foi estabelecido pela Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) para promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados. O critério utilizado para a classificação de candidatos nas cotas é baseado em características fenotípicas, que incluem não somente a cor da pele, mas também outras características físicas. Mariana, que se identifica como parda, sentiu-se desvalidada ao perceber que sua autodeclaração não foi suficiente para a banca responsável pela avaliação racial.

A decisão da banca de heteroidentificação levantou questões importantes em relação à eficácia desse tipo de avaliação. Em muitos casos, as bancas são compostas por profissionais especializados em questões raciais e direitos humanos, e têm o papel de assegurar que os candidatos que se declaram negros ou pardos se enquadrem nos critérios estabelecidos. Contudo, o processo nem sempre é percebido como justo pelos candidatos, especialmente quando há uma discrepância entre a autodeclaração e a avaliação da banca.



O Impacto das Cotas Raciais na Educação Superior

O caso de Mariana toca em um ponto sensível da discussão sobre cotas raciais e diversidade na educação superior brasileira. A crítica sobre a falta de reconhecimento da identidade racial de uma pessoa que se declara parda ultrapassa as questões individuais, refletindo sobre como a sociedade enxerga e valida as diversas identidades raciais. Essa sequência de eventos evidencia a dificuldade que muitos enfrentam ao tentar garantir seus direitos dentro de um sistema que, em teoria, deveria oferecer igualdade de oportunidades.

Quando um candidato, como Mariana, é desqualificado pela banca de heteroidentificação, ele tem o direito de recorrer. Esse direito está previsto nas normas do processo seletivo, mas o processo de contestação pode ser desgastante e demorado. Além disso, gera uma sensação de exclusão que pode impactar negativamente a autoestima e a motivação dos estudantes que buscam uma educação de qualidade por meio das cotas.

A família de Mariana, buscando justiça, decidiu processar o Cebraspe, que é a instituição responsável pela organização do vestibular. Esse movimento visa não apenas a reversão da decisão contra a jovem, mas também a discussão sobre a legitimidade e efetividade das bancas de heteroidentificação, que têm o poder de determinar quem pode e quem não pode acessar uma vaga em universidades públicas.



Reflexões sobre Identidade Racial e Inclusão

A situação de Mariana Abreu é um exemplo emblemático de como questões identitárias e a luta por representatividade estão interligadas na sociedade brasileira. A percepção social das raças e a maneira como essas identidades são reconhecidas oficialmente influenciam diretamente a vida de muitos jovens que almejam uma educação superior. É fundamental promover um debate aberto sobre o que significa ser pardo em um ambiente acadêmico e como isso se relaciona com a inclusão.

Além disso, é necessário que as universidades e os responsáveis pelas bancas de heteroidentificação revejam seus critérios e metodologias de avaliação, a fim de evitar casos de desqualificação que possam desestimar a autoidentificação de candidatos. Essas revisões são essenciais para garantir um sistema mais justo e inclusivo, que respeite as diversas formas de identidade racial presentes na sociedade brasileira.

O caminho para a efetivação das cotas raciais no Brasil ainda é longo e repleto de desafios. Entretanto, casos como o de Mariana Abreu servem para catalisar discussões essenciais sobre inclusão, diversidade e a luta por igualdade de oportunidades no ambiente educacional.

Fonte:


https://revistaoeste.com/brasil/estudante-passa-em-medicina-mas-e-eliminada-nas-cotas-raciais/.
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