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Diversidade e Inclusão

Associações ciganas lutam pelo reconhecimento do anticiganismo como racismo em meio à crescente discriminação

Associações ciganas lutam pelo reconhecimento do anticiganismo como racismo em meio à crescente discriminação


Ativistas ciganos alertam que discursos racistas tornaram-se normais com o aumento da extrema-direita em Portugal. Com o Dia Internacional das Pessoas Ciganas, Bruno Gonçalves destaca a urgência do reconhecimento do anticiganismo como racismo e compartilha experiências de discriminação.
08 abril 2025
Ativistas ciganos alertam que discursos racistas tornaram-se normais com o aumento da extrema-direita em Portugal. Com o Dia Internacional das Pessoas Ciganas, Bruno Gonçalves destaca a urgência do reconhecimento do anticiganismo como racismo e compartilha experiências de discriminação.
08 abril 2025
Associações ciganas lutam pelo reconhecimento do anticiganismo como racismo em meio à crescente discriminação

No contexto atual de ascensão da extrema-direita em Portugal, a comunidade cigana enfrenta um aumento alarmante de discursos racistas, tornando-se cada vez mais comum ouvir ataques e estigmas direcionados a esta população. Neste cenário, Bruno Gonçalves, vice-presidente da Associação Letras Nómadas, enfatiza que o anticiganismo deve ser reconhecido como uma forma de racismo. Ele relata experiências diárias de discriminação e um ambiente social que se tornou hostil para os ciganos.

Gonçalves, que tem observado um crescimento da desconfiança e do preconceito, descreve uma rotina marcada por uma vigilância constante, especialmente em espaços públicos como supermercados, onde o olhar julgador parece restringir sua liberdade de movimento. Segundo ele, as percepções são influenciadas por estereótipos e preconceitos históricos associados à identidade cigana, que ofuscam suas qualidades como indivíduo.

Além de Bruno, Susana Silveira, fundadora da Associação Costume Colossal, compartilha sua experiência de desir que sofreu revés profissional após ser identificada como cigana, questionando se a responsabilidade pela integração recai sobre a sociedade, que muitas vezes se mostra avessa a aceitar as diferenças. Para ela, a sociedade precisa refletir sobre suas atitudes e o impacto que tem na vida dos indivíduos.



Ambos os ativistas coincidem que a insegurança habitacional e a luta por emprego são problemas cruciais enfrentados pela comunidade cigana, que se veem frequentemente marginalizados em partidos e setores da sociedade. Essa marginalização é acentuada por uma cultura de discriminação que resulta em uma exclusão econômica e social. Bruno Oliveira, da Associação Intercultural Cigana (Incig), acrescenta que muitos ciganos qualificados têm se sentido forçados a ocultar sua identidade cultural para garantir oportunidades no mercado de trabalho, o que demonstra o impacto do racismo nas decisões pessoais e profissionais.

A mencionada exclusão social não afeta apenas o bem-estar econômico, mas também resulta em sérios problemas de saúde que afetam a expectativa de vida da comunidade cigana, que, segundo dados, é inferior à média da população. A realidade é que cerca de 33% dessa população vive em condições precárias, como barracas e tendas, o que enfatiza a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e respeitosa. A luta por igualdade e reconhecimento dos direitos se torna essencial nesse contexto.

Os ativistas ressaltam que a falta de mecanismos legais adequados para lidar com o anticiganismo torna o acesso à justiça um desafio significativo. Eles clamam por um reconhecimento oficial do anticiganismo como uma forma grave de racismo, que deve ser juridicamente punida. Essa luta se torna uma prioridade, envolvendo a necessidade urgente de políticas públicas que garantam a dignidade e os direitos da comunidade cigana.



Por meio de suas ações e vozes, Bruno Gonçalves, Susana Silveira e Bruno Oliveira se comprometem a continuar a luta pela inclusão. O reconhecimento dos direitos da comunidade cigana não é apenas uma questão de justiça social, mas uma necessidade para construir uma sociedade mais equitativa. O Dia Internacional das Pessoas Ciganas deve ser um marco no calendário de reflexões sobre a diversidade e a aceitação, e deve gerar discussões que contribuam para a desconstrução de estereótipos e preconceitos que ainda permanecem vivos.

A luta pela inclusão da comunidade cigana é uma responsabilidade compartilhada por todos os cidadãos e instituições. O trabalho conjunto, entre ativistas, governos e a sociedade civil, é fundamental para garantir a segurança, a dignidade e a igualdade de oportunidades para todos. Somente assim, poderemos vislumbrar um futuro onde a diversidade é celebrada e o anticiganismo é erradicado.

Assim, no Dia Internacional das Pessoas Ciganas, é vital reforçar a importância do respeito à identidade cultural e à luta pela equidade, que deve ser uma parte integral da nossa sociedade. A inclusão social e o respeito às diferenças são caminhos essenciais para um mundo mais humano e justo.

Fonte:


https://www.publico.pt/2025/04/08/sociedade/noticia/associacoes-ciganas-querem-anticiganismo-reconhecido-racismo-2128936
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