Diversidade e Inclusão
A jornada de Abdul: De refugiado afegão a estudante e trabalhador em Portugal
A jornada de Abdul: De refugiado afegão a estudante e trabalhador em Portugal

A trajetória de Abdul Ibrahimkhel, um jovem refugiado afegão, é um exemplo de resistência e coragem em meio ao caos e à adversidade. Desde os primeiros anos de vida, Abdul conheceu a dor e a perda. Nascido em Cabul, sua infância foi marcada por um ataque talibã que deixou seu pai em coma e sua família em desespero. Essa experiência traumática moldou sua visão de mundo, forçando-o a amadurecer rapidamente diante das tragédias.
Ao longo de sua jornada, Abdul deixou o Afeganistão em um momento crítico, quando os talibãs voltaram a tomar o poder em 2021, tornando impossível uma vida segura e digna em seu país. A decisão de fugir não foi fácil, mas a esperança de um futuro melhor o impulsionou a atravessar fronteiras em busca de liberdade. Após 18 meses e mais de seis mil quilômetros, ele enfrentou perigos como a violência policial e a fome, mas nunca perdeu a determinação de seguir em frente.
Ele aventurou-se por diversos países, incluindo Irã, Grécia e Itália, onde cada parada trouxe novos desafios e provações. Durante a jornada, Abdul acompanhou um grupo de outros refugiados, todos com histórias igualmente dolorosas, o que enfatizou a solidariedade entre eles. Após inúmeras dificuldades, ele finalmente chegou a Portugal, onde encontrou um novo lar e a oportunidade de recomeçar sua vida.

A adaptação de Abdul a Portugal não foi imediata, mas ele contou com o apoio de pessoas generosas e instituições que o acolheram. A experiência de dormir em parques e enfrentar a incerteza da vida de refugiado fez parte de sua realidade, mas não lhe tirou a esperança. Abdul dedicou-se ao aprendizado da língua portuguesa, de forma a se integrar à nova cultura e à sociedade que o recebeu. Ele também começou a trabalhar em diversos empregos, contribuindo para sua independência e instabilidade emocional.
Nos últimos anos, Abdul tem se preparado para concluir o ensino secundário. Com apenas 17 anos, seus sonhos e aspirações tomaram forma, incluindo o desejo de estudar Ciência Política. Esse objetivo reflete sua vontade de ajudar outros refugiados e a comunidade, utilizando sua história para inspirar mudanças e promover os direitos humanos. Ele se sente agradecido pela oportunidade de viver em um lugar onde pode se expressar livremente e aspirar a um futuro promissor.
Hoje, Abdul é um exemplo de superação e esperança. Ele fala sobre a importância de ser acolhido sem discriminação, enfatizando que a vida digna deve ser um direito de todos. Além disso, sua história reflete as dificuldades que muitos refugiados enfrentam e o quanto é fundamental manter a empatia e o acolhimento em um mundo que, muitas vezes, esquece os mais vulneráveis.
Ao mirar no futuro, Abdul decidiu não retornar ao Afeganistão. Para ele, isso significaria voltar a uma realidade de opressão e violação dos direitos humanos, especialmente os das mulheres. Sua experiência se transforma em força, e ele se compromete a usar sua voz para trazer visibilidade às questões que afligem os refugiados. Em suas palavras, "a liberdade e a dignidade que encontrei em Portugal são preciosas, e quero retribuir de forma significativa".
Além disso, Abdul está determinado a ajudar outros que sofrem as mesmas dificuldades que ele. Ele acredita que, como parte da sociedade portuguesa, tem o dever de lutar pela inclusão e pelos direitos de todos. Sua jornada é uma mensagem poderosa sobre a resiliência e o impacto que cada indivíduo pode ter ao se opor às dificuldades e contribuir positivamente para a sociedade.
Ao compartilhar sua história, Abdul não apenas relata sua própria vida, mas também toca em questões universais de solidariedade, esperança e luta por um mundo mais justo. A sua determinação em ajudar os outros, mesmo após ter enfrentado desafios tão grandes, é uma inspiração que reforça a importância de acolher e apoiar os refugiados em sua busca por um futuro melhor.