Saúde Pública
Mais de 340 mil internações em 2024: a alarmante crise de saneamento no Brasil
Mais de 340 mil internações em 2024: a alarmante crise de saneamento no Brasil

Em 2024, o Brasil enfrentou um grave problema de saúde pública com mais de 344 mil internações devido a doenças relacionadas ao saneamento inadequado. Esses números alarmantes foram divulgados em um relatório que destaca a urgência de se tratar esta questão, especialmente no contexto do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. As internações totalizaram cerca de 950 por dia e, apesar de uma tendência de queda desde 2008, a situação ainda requer ação imediata.
Entre as internações registradas, cerca de 168,7 mil foram atribuídas a infecções transmitidas por insetos, com a dengue ocupando uma posição de destaque. Por outro lado, 163,8 mil internações se referem a doenças feco-orais, como gastroenterites, que mostram uma grave deficiência no saneamento básico em várias regiões do país. A distribuição geográfica dessas internações revela disparidades significativas, sendo a Região Centro-Oeste a mais afetada, impulsionada por surtos de dengue, enquanto a Região Norte apresenta índices preocupantes de internações por doenças de transmissão feco-oral.
Nos estados mais afetados, como Amapá e Rondônia, a situação é crítica, com altas taxas de internação relacionadas à falta de acesso a serviços adequados de saneamento. Embora a Região Nordeste não tenha apresentado taxas extremamente altas em geral, o Maranhão destacou-se negativamente, com uma taxa de 42,5 internações por dez mil habitantes. É crucial notar que a maioria das internações ocorreu entre indivíduos de baixa renda, com 64,8% das internações em 2024 sendo de pessoas pretas ou pardas, o que ressalta as desigualdades sociais que permeiam essas questões de saúde pública.

A questão da saúde infantil é particularmente preocupante, com cerca de 70 mil internações em crianças de até 4 anos, o que corresponde a 20% do total. Para a população idosa, a situação não é menos alarmante, com aproximadamente 80 mil internações e uma taxa de 23,6. Estudos demonstram que o acesso a água tratada e sistemas de esgoto eficazes pode reduzir significativamente esses números, representando uma economia substancial em custos de saúde pública. Investir na melhoria do saneamento é crucial não apenas para combater doenças, mas também para promover a igualdade social.
Em 2023, foram registrados cerca de 11.544 óbitos relacionados a doenças associadas ao saneamento, com concentração significativa entre os idosos. Apesar de um progresso na redução das mortes desde 2008, muitos municípios ainda enfrentam taxas estagnadas ou até em crescimento. Esses dados evidenciam que a falta de saneamento básico não se limita apenas a um problema de saúde, mas é um fator que perpetua desigualdades sociais no Brasil.
Com a aproximação do Dia Mundial da Água, é vital refletir sobre essas questões e provocar um diálogo social sobre a melhoria das infraestruturas de saneamento. A mobilização da sociedade civil, junto com as ações públicas, pode fazer a diferença na luta pela promoção da saúde e do bem-estar dos cidadãos brasileiros, especialmente os mais vulneráveis.

É imperativo que governos e a sociedade se unam para enfrentar as crises de saneamento, que são a raiz de muitos problemas de saúde enfrentados diariamente por uma parcela significativa da população. Médicos e especialistas concordam que as medidas preventivas são a chave para evitar surtos e internações, e o comprometimento com melhoria do saneamento deve ser uma prioridade nacional.
Além disso, a educação sobre saúde e prevenção é fundamental. A conscientização sobre os perigos relacionados ao saneamento inadequado e a promoção de hábitos saudáveis podem contribuir significativamente para a redução das internações. A colaboração entre setores público e privado pode facilitar o acesso à água tratada e serviços adequados de esgoto, favorecendo um cenário mais saudável e justo.
Assim, a batalha contra as doenças relacionadas ao saneamento é uma luta constante. É necessária uma ação coletiva e responsável para garantir que todos os cidadãos brasileiros tenham acesso aos direitos básicos de saúde e dignidade. Com compromisso e esforço conjunto, é possível transformar essa realidade e garantir um futuro melhor e mais saudável para todos.