Paulo Mendo, renomado médico e ex-ministro da Saúde de Portugal, faleceu aos 92 anos no Hospital de Santo António, no Porto, na manhã de 3 de abril de 2025. Nascido em Lisboa em 3 de outubro de 1932, Mendo se destacou não apenas por sua contribuição à medicina como também por seu papel significativo na política de saúde do país. Pioneiro na especialidade de Neurorradiologia, sua trajetória acadêmica começou na Universidade do Porto, onde se formou em Medicina, após um breve período em Belas Artes. Durante o regime do Estado Novo, Mendo se engajou em várias associações acadêmicas, defendendo mudanças necessárias na sociedade portuguesa.

A trajetória de Paulo Mendo foi marcada por desafios. Por suas atividades de oposição ao regime, ele foi preso pela PIDE, a polícia política da época. No entanto, isso não o impediu de lutar por um sistema de saúde melhor para todos. Após sua liberação, Mendo destacou-se na neurocirurgia, fundando, ao lado de colegas, a especialidade de Neurorradiologia em Portugal, que hoje é reconhecida internacionalmente. Nos anos 60, sua coragem o levou a se opor à guerra colonial, contribuindo para a criação do primeiro Serviço de Neurocirurgia em Marrocos, onde seu trabalho ajudou a salvar muitas vidas.

Após o 25 de Abril de 1974, Mendo retornou a Portugal, onde continuou sua carreira política. Em diferentes governos, ele ocupou cargos como secretário de estado e ministro da Saúde, defendendo políticas que buscavam soluções para a falta de recursos no Sistema Nacional de Saúde. Mendo tornou-se um crítico feroz da burocracia que permeava o sistema de saúde, sempre enfatizando a necessidade de um financiamento adequado que garantisse serviços de qualidade para a população. Sua atuação não só melhorou as condições do sistema de saúde, mas também deixou um legado de inovação e compromisso com o bem-estar social.

O desejo de Paulo Mendo de avançar na medicina e de prestar cuidados de saúde condizentes com as necessidades do povo o tornou uma figura respeitada e admirada. Ele acreditava que a saúde é um direito de todos e dedicou sua vida a garantir que as políticas de saúde pública fossem acessíveis e eficientes. Ao longo de sua carreira, Mendo integrou diversas comissões e participou ativamente em debates sobre as melhores práticas em saúde, sempre buscando novas formas de aprimorar o atendimento ao paciente.

Além de seu trabalho como médico e político, Mendo também foi um mentor para muitas gerações de profissionais de saúde. Seu impacto na formação de novos médicos é inegável, e muitos o lembram como uma inspiração em suas vidas e carreiras. Ele incentivava o pensamento crítico e a busca constante por melhorias na prática médica. Com seus ensinamentos, Mendo moldou não apenas a medicina em Portugal, mas também a mentalidade de muitos que trabalham na área da saúde.

No âmbito pessoal, Mendo era conhecido por sua humildade e bondade. Ele acreditava que um bom médico não deve apenas tratar doenças, mas também ouvir e entender seus pacientes. Essa abordagem humanista na medicina tornou-se um dos pilares de sua carreira, e ele nunca hesitou em oferecer apoio emocional a todos que atendia. Sua devoção à profissão e aos seus pacientes fez dele não apenas um líder, mas também um amigo para muitos.

A morte de Paulo Mendo é uma grande perda para a medicina e para a política de saúde em Portugal. Seu legado viverá nas vidas que tocou e nas mudanças que promoveu. A dedicação de Mendo à história da saúde portuguesa será sempre lembrada, e sua influência se fará sentir por muitos anos. Como um verdadeiro pioneiro, ele ajudou a definir o que deve ser um sistema de saúde humanizado e eficiente, sempre em busca do bem-estar coletivo.

Em suma, Paulo Mendo foi um verdadeiro ícone da medicina e da política em Portugal. Sua vida foi marcada pela luta da práxis médica e pela defesa intransigente dos direitos à saúde. Ele não se poupou em suas batalhas e sempre buscou o melhor para o povo. A história de Mendo é um lembrete poderoso de que a verdadeira vocação vai além do conhecimento técnico; envolve uma profunda responsabilidade social e um compromisso com o próximo.

Enquanto nos despedimos de Paulo Mendo, refletimos sobre seu legado e continuamos a trabalhar para que sua visão de um sistema de saúde mais justo e equitativo se torne uma realidade. Que sua memória sirva de guia para todos os profissionais de saúde que desejam seguir seus passos e contribuir para um mundo onde a saúde é um direito, e não um privilégio.

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