Política e Governança
Vereador de Curitiba propõe proibição do gênero neutro na comunicação oficial.
Vereador de Curitiba propõe proibição do gênero neutro na comunicação oficial.

O projeto de lei apresentado pelo vereador Guilherme Kilter, representante do partido NOVO, está chamando a atenção em Curitiba. A proposta, datada de 13 de março de 2025, busca proibir o uso de linguagem neutra na comunicação oficial da administração municipal. O objetivo é garantir a normatividade do uso da língua portuguesa em documentos e comunicações, priorizando a clareza e a efetividade das mensagens.
A linguagem neutra, conforme definida no projeto, inclui formas de expressão que eliminam ou modificam os gêneros masculino e feminino do idioma, como pronomes como 'elu' e expressões como 'amigx' ou 'todes'. O vereador Kilter argumenta que a utilização dessa abordagem pode comprometer a compreensão das informações divulgadas pela administração pública, o que é um ponto crucial quando se trata de garantir que todos os cidadãos tenham acesso à comunicação clara e direta.
A proposta de Kilter não se limita apenas a um aspecto teórico; ela tem implicações práticas significativas. Se aprovado, o projeto de lei abrangerá documentos oficiais, publicações em sites institucionais, placas e até mesmo material publicitário financiado pelo poder público. A fiscalização do cumprimento da nova norma ficará a cargo dos servidores de comunicação de cada órgão da administração pública, que poderão enfrentar sanções administrativas caso não respeitem as diretrizes estabelecidas pelo projeto.
A repercussão do projeto entre os cidadãos e especialistas em linguística e comunicação tem sido variada. Enquanto alguns defendem a manutenção da norma culta como forma de assegurar a clareza na comunicação, outros argumentam que a linguagem neutra é uma importante ferramenta de inclusão, que busca contemplar a diversidade de gêneros existentes na sociedade. Essa discussão se infiltra em um contexto mais amplo sobre identidade de gênero e os direitos de expressão individual.
É importante ressaltar que o debate sobre a linguagem neutra não é exclusivo de Curitiba. Em várias partes do Brasil e do mundo, as questões relacionadas ao gênero na língua têm sido amplamente discutidas. A proposta do vereador Kilter pode ser vista como parte de um movimento maior que busca estabelecer as normas da comunicação em um ambiente que se torna cada vez mais plural e diversificado.
Ainda assim, Kilter destaca que, apesar das intenções inclusivas, a comunicação oficial deve ser acessível a todos, e a norma culta da língua portuguesa é uma forma de garantir isso. Segundo o vereador, a clareza das informações é fundamental para que a população entenda as ações do governo e possa participar ativamente da vida pública.
O próximo passo para a proposta de Kilter será a discussão e votação no plenário da Câmara Municipal. Se o projeto obter aprovação, a nova norma entrará em vigor imediatamente após sua publicação. A expectativa é que a votação atraia um expressivo debate entre os vereadores e a sociedade civil, refletindo as diferentes perspectivas sobre a linguagem e a comunicação no espaço público.
Essa questão, portanto, não diz respeito apenas a uma mudança em documentos oficiais, mas sim a uma reflexão profunda sobre como a linguagem molda a interação social e a percepção das identidades. O futuro da proposta de lei e suas implicações são assuntos que permanecerão em pauta à medida que Curitiba e o Brasil sofrem transformações em suas políticas de comunicação.
À medida que essa discussão avança, será essencial acompanhar as reações da população em relação ao projeto de lei e suas possíveis repercussões. Afinal, a forma como nos comunicamos pode determinar o nível de inclusão e participação, tanto no contexto político quanto na sociedade como um todo.