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Política e Governança

Pluralidade Negada: A Ascensão da Extrema-Direita e a Rigidez dos Partidos Tradicionais

Pluralidade Negada: A Ascensão da Extrema-Direita e a Rigidez dos Partidos Tradicionais


A ascensão da extrema-direita reflete a falência dos partidos tradicionais em representar a diversidade. Este artigo analisa as dinâmicas políticas que favorecem esse fenômeno e as soluções necessárias para reverter essa tendência.
27 março 2025
A ascensão da extrema-direita reflete a falência dos partidos tradicionais em representar a diversidade. Este artigo analisa as dinâmicas políticas que favorecem esse fenômeno e as soluções necessárias para reverter essa tendência.
27 março 2025
Pluralidade Negada: A Ascensão da Extrema-Direita e a Rigidez dos Partidos Tradicionais

A ascensão da extrema-direita em democracias ao redor do mundo tem se tornado cada vez mais visível. A percepção de que partidos tradicionais não conseguem atender às demandas sociais emergentes cria um espaço fértil para narrativas populistas. Esse cenário resulta em um afastamento entre a política institucional e a população, concretizando um vazio que a extrema-direita prontamente preenche. A falta de pluralidade interna nos partidos tradicionais não apenas limita a representação, mas perpetua uma elite que não reflete a diversidade da sociedade.

Os partidos políticos têm se tornado estruturas rigidamente fechadas, muitas vezes intolerantes a novas ideias e vozes. Essa oligargia interna, que se afasta da essência democrática, gera uma frustração crescente no eleitorado. Como consequência, o ressentimento popular se transforma em radicalização, com grupos extremistas surgindo como alternativas à frustração com o status quo. Os partidos que se proclamam democráticos, na verdade, falham em ser representativos e em atender às necessidades de sua base de apoio.

No entanto, a resposta à ascensão da extrema-direita não é um simples retorno às velhas práticas partidárias. É crucial que os partidos democráticos reavaliem suas estruturas internas, promovam uma verdadeira inclusão e abram espaço para novas lideranças. É nesse contexto que se observa a importância do diálogo genuíno, onde a escuta ativa das angústias populares deve ser uma prioridade para renovação da confiança na política. Sem mudanças significativas, a continuidade do status quo favorecerá ainda mais grupos antidemocráticos.



Dentre os exemplos atuais, surge o partido Chega, que, embora ostente a única representação negra no hemiciclo, limita sua inclusão a uma estratégia. Essa prática não demonstra um comprometimento com a diversidade cultural nem com a promoção de políticas inclusivas. Ao invés disso, o que se observa é uma utilização oportuna da questão racial para ganhar apoio, enquanto a verdadeira representatividade e inclusão da população negra continuam sub-representadas e mal atendidas.

Além dos desafios impostos pela elitização da política, a narrativa da extrema-direita se alimenta da frustração popular. A desconexão entre os partidos democráticos e aqueles que deveriam representar provoca um efeito dominó onde a população busca alternativas, mesmo que essas sejam radicalmente antidemocráticas. O poder do discurso populista reside em sua capacidade de promover-se como a voz autêntica do povo, contrastando-se com uma elite supostamente desconectada das realidades da vida cotidiana.

Conforme o descontentamento social cresce, os partidos tradicionais devem reconhecer que suas práticas precisam ser revigoradas. Isso não envolve apenas pequenas alterações, mas uma revisão completa das formas de operação, comunicação e engajamento com a base eleitoral. A construção de uma democracia mais inclusiva requer o entendimento profundo das questões enfrentadas por diversas camadas da sociedade e o empenho em trazer essas vozes para o cerne do debate político. Essa é a única forma de neutralizar a narrativa enganosa da extrema-direita.



Para afirmar a relevância dos partidos democráticos, é urgente que cada um deles se volte para a base social que representa, permitindo que a diversidade de ideias e perspectivas possa florescer. Em vez de resistirem a mudanças necessárias, os partidos têm a responsabilidade de se reinventar, adotando um modelo inclusivo que favoreça a pluralidade. Somente assim poderão reconquistar a confiança perdida de um eleitorado que se sente ignorado e desiludido.

No final, a luta contra a ascensão da extrema-direita não é apenas uma questão política, mas um compromisso ético com os princípios da democracia. A pluralidade precisa ser não apenas uma meta, mas uma prática vigente na política moderna. O fortalecimento da democracia se dá através da escuta atenta, do diálogo aberto e da inclusão real, evitando que o extremismo continue a prosperar em ambientes onde o descontentamento se arraiga.

Assim, a esfera política enfrenta um claro desafio: como se reestruturar de modo a permitir que novas vozes e alternativas surjam, promovendo um verdadeiro espaço democrático. Se os partidos não se adaptarem e não representarem os anseios do povo, estarão somente pavimentando o caminho para a perpetuação de ideias antidemocráticas que se aproveitam do ressentimento popular.

Fonte:


https://www.publico.pt/2025/03/27/opiniao/opiniao/pluralidade-negada-extremadireita-reforcada-2127507
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