Política e Governança
Moraes defende uso das leis atuais para punir crimes on-line e critica big techs
Moraes defende uso das leis atuais para punir crimes on-line e critica big techs

Nesta terça-feira, 11, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, participou de uma aula inaugural do MBA em defesa da democracia e comunicação digital na Fundação Getulio Vargas, em Brasília. Durante sua abordagem, Moraes discutiu a necessidade de interpretar as leis existentes para combater crimes nas redes sociais, assim como aqueles relacionados à inteligência artificial. O ministro enfatizou que a criação de um novo arcabouço jurídico não é fundamental neste momento, pois a legislação atual pode ser eficaz se utilizada corretamente.
Ele destacou a importância de capacitar juristas para que façam uso correto das interpretações legais a fim de responder aos desafios impostos pelas inovações tecnológicas. Moraes afirmou que a interpretação é sempre um componente essencial no direito, afirmando que a aplicação da legislação deve acompanhar o avanço das tecnologias que ameaçam a segurança nas mídias sociais. Enfatizou que, se novas legislações surgirem, isso será benéfico, mas não impede a aplicação correta da legislação atual.
No contexto de suas declarações, Moraes fez críticas construtivas às grandes empresas de tecnologia, conhecidas como 'big techs', as quais comparou a entidades colonialistas que atuam sem controle legal apropriado. Ele mencionou recentes ações do STF que resultaram na suspensão de algumas plataformas digitais após notificações da Anatel, ressaltando a importância de respostas judiciais rápidas para prevenir futuras complicações legais. As ações do STF diante das 'big techs' exemplificam a necessidade de uma postura proativa para proteger os direitos dos usuários e a soberania nacional.

O ministro também expressou sua preocupação em relação ao projeto Starlink, de Elon Musk, que poderia operar fora da jurisdição brasileira. Essa situação levanta questões sérias sobre a soberania nacional e a capacidade de o Brasil regular os serviços prestados por essas plataformas. Segundo Moraes, a possibilidade de a Starlink operar sem a supervisão adequada poderia comprometer a segurança de dados e a comunicação no país. Ele destacou que, apesar dessa ameaça, atualmente a soberania brasileira está garantida pela dependência que essas empresas têm das infraestruturas locais de telecomunicação.
Moraes ressaltou que, diante da evolução constante das redes sociais e da tecnologia, a legislação deve também ser dinâmica, adaptando-se às novas realidades. A ausência de um arcabouço jurídico totalmente novo não torna o país um 'território sem leis'. O bem-estar digital, a segurança e a proteção dos cidadãos nas mídias sociais devem ser prioridade, e isso pode ser alcançado através da interpretação adequada das leis atuais.
A discussão levantada por Moraes é fundamental em um momento em que o debate sobre os limites da liberdade de expressão e a segurança online se intensifica. As 'big techs' têm um papel crucial na configuração dessas novas realidades digitais e, por isso, uma atuação regulatória que zele pela proteção dos usuários se faz necessária. A aplicação eficaz das leis atuais pode ser a chave para garantir um ambiente digital mais seguro, sem a necessidade imediata de novas legislações, ampliando o debate sobre as responsabilidades das grandes empresas tecnológicas.

Além disso, essa abordagem prática proposta por Moraes implica um fortalecimento da profissão jurídica. Capacitar juristas a lidar com as complexidades das novas tecnologias e suas interações com as leis existentes é uma tarefa que demanda atenção e recursos. Isso pode ser alcançado por meio de cursos de especialização, congressos e seminários que discutem a interseção entre tecnologia, direito e sociedade.
No final de sua fala, Moraes reiterou que a atuação eficaz do direito pode e deve acompanhar as rápidas transformações do mundo digital. Ele concluiu que a história do direito é também uma história de adaptação e que, se trabalhar-se com interpretação, pode-se encontrar soluções adequadas às novas ameaças presentes nas redes sociais e com a inteligência artificial. A importância de ter um quadro regulatório que consiga se adaptar será crucial para que as sociedades não fiquem à mercê das 'big techs' e de sua operação descontrolada.
O que se espera agora é que outros membros do sistema judiciário e legislativo sigam essa visão de Moraes, buscando uma maior integração entre a legislação e a evolução tecnológica. Com isso, será possível criar um ambiente mais seguro e justo, onde o direito e a tecnologia coexistam de forma equilibrada, garantindo aos cidadãos não apenas direitos, mas também a segurança necessária em um mundo cada vez mais digital.