Política e Governança
Instituto Herzog e DPU lutam na Justiça pela renomeação de ruas em São Paulo
Instituto Herzog e DPU lutam na Justiça pela renomeação de ruas em São Paulo

Programa Ruas de Memória: O Contexto Juridico
O Programa Ruas de Memória surgiu em 2016, como uma iniciativa importante da Prefeitura de São Paulo, destinada a substituir os nomes de ruas que homenageiam figuras associadas a violações dos direitos humanos durante a ditadura militar brasileira. Essa mudança é parte de um esforço maior para promover a memória e a justiça, reconhecendo os erros do passado. A implementação deste programa é fundamental não apenas para honrar as vítimas, mas também para educar as futuras gerações sobre a importância dos direitos humanos.
Em 14 de dezembro de 2024, um pronunciamento judicial indicou a necessidade de um cronograma para a implementação das mudanças. Uma decisão que parecia promissora, mas que foi suspensa em fevereiro de 2025. A alegação da Prefeitura de São Paulo, que já havia realizado algumas mudanças de nomes de ruas, gerou debate e questionamentos não apenas no cenário jurídico, mas também na esfera pública.
Com a suspensão da determinação judicial, o Instituto Vladimir Herzog e a Defensoria Pública da União (DPU) se mobilizaram na tentativa de reverter essa decisão. A argumentação destaca que, independente da suspensão, a responsabilidade da administração pública em implementar o programa não deve ser ignorada. O histórico de omissões administrativas em relação a essa questão levanta sérias preocupações sobre a transparência e o comprometimento da gestão municipal com a causa dos direitos humanos.

Desdobramentos e Desafios do Programa Ruas de Memória
Um dos principais pontos levantados pelo Instituto e pela DPU é a falta de informações claras sobre as iniciativas já realizadas e as que estão previstas para o futuro. Até agora, a administração não esclareceu quantas ruas foram efetivamente renomeadas, quais critérios estão sendo utilizados e por que um cronograma específico ainda não foi apresentado. Essa ausência de clareza gera desconfiança e frustração entre os defensores dos direitos humanos e a população.
Históricos de mudanças como a Renomeação da Rua Doutor Sérgio Fleury para Rua Frei Tito e da Avenida General Golbery de Couto e Silva para Avenida Giuseppe Benito Pegoraro são exemplos positivos, mas que não são suficientes para justificar a incerteza sobre o futuro do Programa. O instituto e a DPU insistem que a mudança deve ser contínua e bem planejada, a fim de evitar que as memórias doridas sejam esquecidas.
Além disso, o relato sobre a falta de personificação da responsabilidade é uma preocupação central. Descobrir quem está à frente da execução do programa, qual o orçamento destinado e que ações concretas foram adotadas são imprescindíveis para que a população confie na efetividade da proposta. A criação do Programa Ruas de Memória é um passo significativo, mas exige comprometimento efetivo por parte do governo municipal.
O Futuro do Programa e a Importância da Memória Coletiva
A persistência da luta do Instituto Vladimir Herzog e da DPU é um lembrete de que a luta por direitos humanos nunca pode ser negligenciada. A reinterpretação do espaço público através da nomeação de ruas é um reflexo da sociedade que se pretende construir: mais justa, consciente e lembrada. O papel da sociedade civil é fundamental para o acompanhamento e cobrança das ações do governo neste aspecto.
A cidade de São Paulo tem a oportunidade de se tornar um exemplo no reconhecimento e na memória das vítimas de violações de direitos humanos, transformando a dor em aprendizado coletivo. Para isso, é necessário um cronograma claro e a efetiva participação da administração municipal. O compromisso com a história e com a justiça social deve pautar as ações no futuro.
Cabe, portanto, a todos nós, cidadãos, manter viva a memória das vítimas da ditadura e pressionar para que iniciativas como o Programa Ruas de Memória sejam não apenas implementadas, mas celebradas como um avanço em direção a uma sociedade mais ética e respeitosa dos direitos humanos. A luta continua e precisamos estar vigilantes.