Política e Governança
Governo brasileiro gasta R$ 18 mil em diárias para comitiva de Janja durante evento na França
Governo brasileiro gasta R$ 18 mil em diárias para comitiva de Janja durante evento na França

No final de março de 2025, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, popularmente conhecida como Janja, representou o Brasil na Cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G) realizada em Paris, França. A viagem, que ocorreu entre os dias 26 e 30 do mês, contou com a presença de quatro assessores que acompanharam a primeira-dama, totalizando um gasto de R$ 18 mil em diárias. Os assessores escolhidos para a comitiva foram Taynara da Cunha, Edson Pinto, Julia Silva e Claudio Souza, cuja participação foi aprovada pelo governo. Cada um dos primeiros três recebeu R$ 4,5 mil, sendo que esse montante incluiu R$ 3,6 mil referentes a diárias internacionais e R$ 900 de diárias nacionais. No entanto, o assessor Claudio Souza teve um pagamento ligeiramente maior, de R$ 4,6 mil, devido a um adicional em sua diária nacional. É válido ressaltar que esses valores não incluem as passagens aéreas internacionais, o que poderia elevar ainda mais os gastos do governo brasileiro.
A escolha de Janja como representante do Brasil em um evento internacional de grande relevância demonstra um esforço do governo para destacar a importância da nutrição e do crescimento sustentável. Em um momento em que o mundo se preocupa cada vez mais com essas questões, a presença da primeira-dama tem o potencial de fortalecer a posição do Brasil em debates globais. Essa visibilidade internacional pode abrir portas para novos investimentos e parcerias em áreas que tragam benefícios diretos à população brasileira, especialmente às mais vulneráveis.
No entanto, o uso de recursos públicos para custear as despesas de assessores que acompanham Janja gerou discussão sobre a transparência nos gastos do governo. O atual governo federal tem se comprometido a aumentar a transparência em relation aos gastos públicos relacionados a figuras institucionais, como a primeira-dama. A Advocacia-Geral da União (AGU) está desenvolvendo um parecer que reconhece a atuação de Janja como institucional, apesar de não ter um cargo formal e atuar de forma voluntária ou simbólica.
Um ponto central do parecer elaborado pela AGU é a necessidade de transparência nas atividades e nos gastos associados às funções cumpridas pela primeira-dama. A proposta sugere que os compromissos oficiais de Janja e todas as despesas geradas por suas atividades sejam divulgados no Portal da Transparência, além de estarem disponíveis para consulta pública por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa ação visa não apenas regulamentar a atuação da primeira-dama, mas também assegurar maior controle social sobre os recursos públicos.
Com essa iniciativa, o governo busca assegurar que a atuação de Janja não se restrinja a um papel meramente protocolar, mas que tenha um reconhecimento oficial de sua importância nas atividades institucionais brasileiras. O fortalecimento desse espaço institucional pode alavancar projetos sociais e iniciativas que favoreçam diversos segmentos da população.
A ideia de formalizar o papel de Janja nas atividades relacionadas ao governo também abre discussões sobre o papel das primeiras-damas no Brasil e a relevância dessas figuras na formulação de políticas públicas. Com um histórico de envolvimento em causas sociais e de colaboração em projetos voltados à saúde e educação, Janja representa um símbolo de apoio aos esforços governamentais em prover soluções para a população.
Entretanto, essa questão não é isenta de polêmicas. A utilização de diárias e o formato das viagens oficiais geram um debate constante sobre a legitimidade de tais gastos, especialmente em tempos de restrições orçamentárias. O público espera e exige maior clareza sobre como os recursos são aplicados. Por isso, a proposta de publicação no Portal da Transparência é um passo positivo, alinhando-se ao desejo da sociedade por um governo mais aberto e responsável.
Conforme as discussões sobre o papel de figuras como a primeira-dama se intensificam, o governo se encontra em uma posição delicada, precisando equilibrar a imagem de dignidade e seriedade com o desejo de transparência. A visibilidade que Janja conquistou no cenário internacional, portanto, deve ser acompanhada de uma prestação de contas rigorosa e clara, preservando a confiança da população nas instituições.
Em suma, a viagem de Janja à França e as implicações financeiras dela decorrentes são um reflexo das complexidades entorno do papel da primeira-dama. Com a proposta de uma maior regulamentação e transparência, talvez possamos vislumbrar uma nova era em que essas funções sejam compreendidas não apenas como representação, mas como parte essencial da condução de políticas públicas eficazes e visíveis.