Política e Governança
Crescente número de ações contra a AIMA paralisa Tribunal de Lisboa com 21.526 processos em 2 meses
Crescente número de ações contra a AIMA paralisa Tribunal de Lisboa com 21.526 processos em 2 meses

A explosão no número de ações judiciais contra a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) vem causando significativos atrasos no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. Nos últimos dois meses, foram registradas impressionantes 21.526 ações, sendo 10.046 apenas em outubro e 11.480 em novembro. Esse aumento expressivo na média de processos diários indica uma crise flagrante na gestão de demandas judiciais relacionadas à imigração e asilo, refletindo a insatisfação do público com o atendimento prestado pela AIMA.
A situação se tornou ainda mais crítica devido à escassez de funcionários e problemas contínuos na área de informática, dificultando assim a notificação de decisões. De acordo com o Supremo Tribunal Administrativo, muitos juízes estão enfrentando sérias dificuldades em cumprir os prazos estabelecidos, o que contribui para a sobrecarga do sistema já fragilizado. Com cerca de 450 mil casos pendentes ainda, a pressão sobre os recursos humanos dos tribunais é intensa, evidenciando a urgência de reformas na estrutura administrativa e judicial.
Além disso, a AIMA, que é a autoridade responsável pela concessão de autorizações de residência, tem recebido constantes reclamações de imigrantes ansiosos por respostas sobre seus pedidos. O excesso de processos levou os advogados a adotarem a estratégia de impetrar ações judiciais com maior frequência, visto que essa tem sido a única maneira de forçar uma resposta da agência. Apesar do compromisso assumido pelo governo de zerar todos os casos pendentes até junho de 2025, a realidade atual sugere que a capacidade da AIMA de atender a demanda de maneira eficiente continua severamente comprometida.
A falta de pessoal qualificado e a dificuldade em recrutar oficiais de justiça têm contribuído para um cenário preocupante, onde a AIMA não consegue desfazer o gargalo de processos acumulados. Esta situação gera um ciclo vicioso: quanto mais pessoas ficam sem resposta, mais ações judiciais são impetradas, e por consequência, mais lentos se tornam os trâmites administrativos. Os imigrantes que atravessam este labirinto jurídico frequentemente expressam sua frustração com o sistema, o que ressalta a necessidade de uma reforma abrangente na AIMA e nos tribunais.
Um dos principais fatores que agrava o problema é o corte orçamentário enfrentado pelo setor. A falta de recursos suficientes impede a AIMA de contratar novos funcionários, investir em tecnologias que agilizariam o processamento de pedidos e na atualização dos sistemas informáticos. Sem esses investimentos, a agência se vê presa a processos antiquados que não atendem mais às exigências de uma sociedade em constante mudança e crescimento.
As promessas governamentais, embora bem-intencionadas, muitas vezes não se traduzem em ações efetivas. É imprescindível que as autoridades levem a sério a situação dos imigrantes que dependem da AIMA para regularizar sua situação no país. Para isso, é crucial um plano de ação que contemple recursos financeiros, tecnologia e treinamento de pessoal, além da simplificação de processos, a fim de que a justiça administrativa volte a funcionar de maneira eficiente e justa.
Em resumo, a AIMA e os tribunais de Lisboa enfrentam um desafio monumental e urgente para resolver a sobrecarga de processos e as frequentes queixas dos imigrantes. A pressão sobre os recursos humanos se intensifica, e a lentidão no sistema não beneficiará os envolvidos. A transformação do panorama atual requer uma abordagem coletiva e integrada que considere a diversidade de fatores que impactam a administração de justiça no contexto da imigração. Sem um compromisso real para melhorar o sistema, a situação provavelmente continuará a deteriorar-se, afetando negativamente milhares de vidas e o funcionamento da justiça em Portugal.