Política e Governança
Brasil registra pior classificação em ranking de corrupção na história segundo Transparência Internacional
Brasil registra pior classificação em ranking de corrupção na história segundo Transparência Internacional

O Índice de Percepção da Corrupção (IPC) é uma ferramenta fundamental para entender a situação da corrupção em diferentes países. Em 2024, o Brasil caiu para a 107ª posição, uma classificação alarmante que destaca a fragilidade das instituições e a percepção negativa sobre a integridade no setor público. Este índice, que é elaborado anualmente pela Transparência Internacional desde 1995, avalia a situação da corrupção em 180 países ao redor do mundo. Os dados coletados refletem as percepções de acadêmicos, juristas e especialistas, o que torna o IPC uma das principais referências sobre corrupção em nível global.
Com uma pontuação que varia de 0 a 100, onde 0 indica a percepção de corrupção extrema e 100 a percepção de ausência total de corrupção, o IPC revela um cenário preocupante para o Brasil. O resultado de 2024 é o pior desde o início da série histórica, em 2012. O país divide a 107ª posição com nações como Nepal, Argélia, Malauí, Níger, Tailândia e Turquia, indicando que a luta contra a corrupção precisa ser intensificada. O relatório enfatiza que a falta de uma postura clara do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre atos de corrupção tem contribuído para essa deterioração da imagem do Brasil no cenário internacional.
Além disso, a permanência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sendo investigado por corrupção passiva e outros crimes, gera uma série de questionamentos sobre a responsabilidade das lideranças políticas e a efetividade das medidas anticorrupção que estão sendo implementadas. As críticas são severas, e é crucial que o governo tome consciência da gravidade da situação e adote ações decisivas para reverter esse quadro.

Apesar do cenário desanimador, o relatório do IPC também aponta para alguns avanços significativos na agenda anticorrupção do Brasil. Um dos pontos positivos mencionados é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe emendas parlamentares sem transparência. Essa medida é um passo importante para garantir mais clareza e responsabilidade no uso dos recursos públicos, o que pode contribuir para uma percepção mais positiva do governo entre a população e os especialistas.
Entretanto, o documento não se esquiva de criticar a influência de empresários e grupos que confessaram irregularidades em encontros com representantes do governo. Essas situações ressaltam a necessidade urgente de uma reforma estrutural que impeça a institucionalização da corrupção no Brasil. As manobras judiciais que resultaram na anulação de sanções a grandes grupos empresariais também foram evidenciadas, apontando para a fragilidade do sistema judicial em lidar com casos de corrupção.
As recomendações feitas pela Transparência Internacional são claras. O governo, o Congresso e o Judiciário devem unir esforços para implementar medidas que promovam a transparência e a integridade. A mobilização da sociedade civil também é fundamental para pressionar por mudanças e garantir que a corrupção não seja uma prática rotineira na política brasileira.

A luta contra a corrupção exige não apenas ações governamentais, mas também uma mudança de mentalidade na sociedade. O envolvimento da população é crucial para promover a ética e a responsabilidade pública. Os cidadãos devem exigir mais respeito e transparência de seus representantes, e a educação sobre os efeitos da corrupção pode ser um instrumento poderoso de transformação. É essencial que todos os setores da sociedade se unam em prol da integridade e da justiça.
No contexto atual, o Brasil tem a oportunidade de aprender com a experiência de países que ocupam posições mais altas no IPC, como Dinamarca, Finlândia e Cingapura, os quais implementaram políticas eficazes para combater a corrupção. A troca de experiências e a adoção de boas práticas podem ser fundamentais para criar um ambiente mais saudável e ético na política brasileira.
Como sociedade, precisamos evoluir para que a corrupção deixe de ser um problema crônico e se torne uma exceção a ser combatida com vigor. A responsabilidade recai sobre todos, e cada um de nós tem um papel na construção de um Brasil mais justo e transparente.