Política e Governança
Bolsonaro é proibido de comparecer à posse de Trump, gera repercussão internacional
Bolsonaro é proibido de comparecer à posse de Trump, gera repercussão internacional

A recente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está gerando repercussão internacional significativa. Bolsonaro, que encontra-se com seu passaporte retido devido a uma investigação em andamento sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, enfrenta um momento complicado ao não poder comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, programada para a próxima segunda-feira (20). Essa situação evidencia um contraste notável com Trump, que está prestes a retornar ao poder.
O jornal americano The New York Times trouxe à tona as semelhanças entre as trajetórias de Bolsonaro e Trump, destacando a ironia de que enquanto Trump se prepara para assumir seu cargo novamente, Bolsonaro enfrenta a possibilidade de prisão. Essa dinâmica é ressaltada pelo fato de que, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, as autoridades eleitorais brasileiras agiram rapidamente para tornar Bolsonaro inelegível, resultando em uma diminuição do apoio político ao ex-presidente.
De acordo com o The Wall Street Journal, a retenção do passaporte impede um dos aliados mais próximos de Trump na América Latina de estar presente na cerimônia, apesar de ter recebido um convite. Essa negativa não apenas afeta a presença de Bolsonaro no evento, mas também exemplifica as tensões políticas que marcaram seu governo e sua saída do cargo.
O The Washington Post destacou os argumentos que levaram Moraes a decidir pela retenção do passaporte, enfatizando que Bolsonaro não exerce atualmente nenhuma função que o habilite a representar oficialmente o Brasil. A relação tumultuada entre Moraes e Bolsonaro não é novidade, sendo que o ex-presidente chegou a classificar o magistrado como um "inimigo pessoal", o que apenas intensifica a narrativa de rivalidades que permeiam a política brasileira.
No cenário familiar, o britânico The Guardian informou que, em face da negativa da Suprema Corte, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) assumirá a representação de seu pai na posse de Trump, o que pode ser interpretado como um sinal de que a família Bolsonaro pretende continuar ativa na política, especialmente com Eduardo emergindo como um potencial candidato para as próximas eleições presidenciais em 2026.
A cobertura internacional também foi abrangente no que diz respeito à reação do bolsonarismo à vitória de Trump. O jornal espanhol El País recordou que a base de apoio a Bolsonaro celebrou entusiasticamente o resultado das eleições americanas em novembro de 2024, evidenciando a simpatia e a conexão entre os dois líderes em um contexto político mais amplo.
A proibição de Bolsonaro de viajar foi um tema notório também na cobertura da Al Jazeera, que destacou que o ex-presidente se vê como uma vítima de "lawfare", termo que se refere à utilização do sistema judicial como um instrumento de perseguição política. Adicionalmente, o francês Le Figaro reportou que, além do caso da investigação por tentativa de golpe de Estado que resultou na retenção de seu passaporte, Bolsonaro enfrenta a condenação em uma ação eleitoral que o torna inelegível até 2030.
Essas questões levantam preocupações sobre o futuro político de Bolsonaro e suas implicações para o cenário brasileiro, visto que sua imagem já se encontra desgastada e sua legitimidade política é questionada. O desdobramento das investigações e as próximas eleições podem impactar significativamente os planos de Bolsonaro e de seus aliados, afetando a dinâmica política do Brasil nos próximos anos.
A situação atual de Jair Bolsonaro é emblemática das tensões políticas na América Latina, onde líderes enfrentam desafios legais e de legitimidade que moldarão o futuro das democracias na região. Em um momento em que a polarização política está em alta, o desenrolar dos eventos relacionados a Bolsonaro e sua representação no cenário internacional é algo a ser observado atentamente.