Milena expressou sua frustração em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que 'para nós, é triste a posição do governo Lula; seria muito mais proveitoso e importante se ele estivesse ao lado do Maduro'.

Essas declarações geram uma questão intrigante sobre a relação entre Lula, o Partido dos Trabalhadores e o MST. Enquanto Lula ainda não reconhece Maduro como presidente reeleito, ele afirmou em entrevistas que a Venezuela não é uma ditadura, mas sim que Maduro implementa um regime 'muito desagradável'.

Milena também comentou sobre a leitura do MST, que vê a Venezuela como um território de disputa imperialista, assim como a Palestina, Ucrânia e outros locais. Esse posicionamento levanta reflexões sobre como movimentos sociais posicionam-se frente a regimes considerados alianças de esquerda na América Latina e as pressões externas que enfrentam.

Durante a entrevista, Milena revelou que o MST mantém uma “brigada de trabalho” na Venezuela e anunciou um novo projeto de produção de alimentos no país vizinho. Isso indica um movimento estratégico de expansão da atuação do MST, que busca estabelecer laços e influenciar políticas agrícolas em outras nações.

Milena, que participou da festa de l’Humanité em Paris, um evento que reúne políticos e ativistas sociais, destacou que o MST recebeu cargos estratégicos no governo de Lula, especialmente no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e no Incra. No entanto, ela enfatizou que as expectativas do movimento nem sempre coincidem com os rumos do governo. “O projeto que venceu nas urnas não é o mesmo que está sendo implementado”, destacou.

Sua crítica é direcionada à forte influência da bancada ruralista, que, segundo Milena, dificulta a concretização de políticas ambientais e sociais prometidas durante a campanha eleitoral de 2022. Ao mesmo tempo, a líder do MST reafirmou que, apesar das críticas, o movimento está colaborando com o governo.

No evento na França, Milena recebeu perguntas sobre questões ambientais, especialmente as queimadas no Brasil. Ela notou que a preocupação do público era grande, afirmando que as queimadas “foram coordenadas e intencionais, não naturais”. Essas afirmações suscitam debates sobre a responsabilidade e as estratégias governamentais no manejo ambiental no Brasil, reforçando o papel social do MST na divulgação de problemas ambientais.

Esta conversa entre Milena Polini e a RFI revela a complexidade das relações políticas na América Latina e a constante luta do MST para manter sua posição enquanto navega por promessas governamentais e a realidade social do Brasil e da região.