Meio Ambiente
Crise da Qualidade da Água na Mata Atlântica: Relatório Alerta para Piora e Falhas na Regulação
Crise da Qualidade da Água na Mata Atlântica: Relatório Alerta para Piora e Falhas na Regulação

A qualidade da água nos rios e corpos d'água da Mata Atlântica é um tema de grande relevância para o meio ambiente e a saúde pública. O relatório Observando os Rios 2025, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica, traz dados alarmantes que revelam a precariedade da situação atual. A análise abrangente realizada em 2024, envolvendo 145 pontos de coleta e 112 corpos d'água, mostra que apenas 7,6% dos pontos avaliados apresentam qualidade da água considerada boa.
A maioria, 75,2%, foi classificada como regular, enquanto 13,8% mostraram qualidade ruim e 3,4% em condição péssima. Esses números, que não apresentam melhora em relação a 2023, indicam uma estagnação preocupante e, em alguns casos, um agravamento da situação em determinados locais. O aumento de pontos considerados ruins de 12 para 16, entre eles o Rio Pinheiros, é especialmente alarmante.
Outro ponto crucial abordado no relatório é a relação direta entre a qualidade da água e o estado do saneamento básico no Brasil. As estatísticas revelam que menos da metade da população tem acesso a serviços adequados de saneamento. Isso se traduz em despejo de esgoto sem tratamento, ocupações irregulares, desmatamento e uso indiscriminado de agrotóxicos como problemas estruturais que comprometem a saúde dos nossos rios.

A metodologia utilizada na pesquisa segue as normas estabelecidas pela Resolução Conama 357/05, que orienta a análise da água por meio do Índice de Qualidade da Água (IQA), com a avaliação de 16 parâmetros. Importante ressaltar que essa iniciativa contou com a participação de aproximadamente 2 mil voluntários que contribuíram para a coleta de dados e o monitoramento das condições da água.
Os dados do relatório são uma chamada à ação para que mudanças sejam implementadas na legislação ambiental vigente. A Classe 4 da legislação atual permite que rios com qualidade inadequada mantenham-se sem a obrigação de melhorias. A SOS Mata Atlântica ressalta a importância de aprovar propostas como a PEC 06/21, que visa assegurar a água potável como um direito fundamental, e o PL 2.842/2024, que busca criar um sistema nacional para proteção de rios.
Além disso, o relatório destaca que, apesar de 83,8% dos pontos ainda terem condições de uso múltiplo, a qualidade regular da água é um indicativo de que o Brasil está longe do ideal. Essa situação se reflete diretamente no não cumprimento das metas do ODS nº 6 da ONU, que visa garantir água potável e saneamento para todos até 2030.


A monitoração da qualidade da água é uma ferramenta fundamental para garantir a cidadania e promover a governança ambiental. É essencial que haja um aumento nos investimentos em saneamento básico, na proteção de nascentes e na recuperação de matas ciliares. Com a crescente urbanização e as mudanças climáticas, a necessidade de ações efetivas em prol da qualidade da água se torna cada vez mais urgente. Somente através da conscientização sobre a importância da proteção dos nossos recursos hídricos e do engajamento da sociedade será possível reverter este quadro crítico e garantir um futuro sustentável para as futuras gerações.
Concluindo, o relatório Observando os Rios 2025 traz à tona questões que exigem urgência na abordagem e soluções eficazes para os numerosos problemas que afetaram a qualidade da água. Portanto, a luta pela melhoria da saúde dos nossos rios deve ser uma prioridade não apenas para o governo, mas para toda a população.