Manifestações e Greves
Greve na CP provoca mais de 75% de supressão de comboios e gera críticas ao governo
Greve na CP provoca mais de 75% de supressão de comboios e gera críticas ao governo

A greve dos maquinistas da Comboios de Portugal (CP), realizada em 6 de dezembro de 2024, provocou um impacto significativo na mobilidade urbana, suspendendo 75,2% dos comboios programados. Com um total de 788 dos 1048 comboios cancelados, a situação gerou caos nas principais ligações ferroviárias do país, especialmente em Lisboa e Porto.
A decisão de paralisação foi uma resposta direta ao que o sindicato classificou como falta de diálogo por parte do governo sobre as preocupações com segurança e condições de trabalho. A atuação do governo foi duramente criticada, especialmente a recente declaração que associava a sinistralidade ferroviária à taxa de álcool dos maquinistas.
Em Lisboa, o impacto foi ainda mais acentuado, com 359 dos 479 comboios programados não realizando suas viagens. Essa interrupção gerou descontentamento e frustração entre os passageiros, que dependem do transporte ferroviário diário. No Porto, o cenário foi semelhante, com 161 dos 217 comboios previstos sendo suprimidos, afetando a rotina de muitos trabalhadores e estudantes.
Além das grandes cidades, o serviço regional também sofreu grandes perdas, com 195 dos 257 comboios do interior do país cancelados. Os serviços de longo curso foram particularmente atingidos, com 51 dos 67 comboios não operando. A CP reconheceu os efeitos dessa greve e lamentou os transtornos causados a seus usuários.
O histórico da sinistralidade ferroviária em Portugal é uma questão delicada, e o ministro da Presidência sublinhou a necessidade de um quadro legislativo mais rigoroso sobre o consumo de álcool por parte dos maquinistas. A greve dos maquinistas é, portanto, um reflexo não apenas de descontentamentos atuais, mas também de um problema estrutural em como o governo e a CP abordam questões de segurança.
Criticamente, muitos maquinistas defendem que a segurança deve ser tratada de forma holística, levando em conta não apenas a taxa de álcool, mas também as condições de trabalho, manutenção de trens e infraestrutura ferroviária. Para eles, o diálogo com o governo é essencial para encontrar soluções eficazes.
À medida que a greve se arrastou, o governo anunciou medidas para tentar melhorar a segurança ferroviária a curto prazo. No entanto, muitos trabalhadores permanecem céticos sobre a eficácia dessas ações, considerando que as promessas anteriores não foram cumpridas. O cenário atual revela uma crescente tensão entre os funcionários da CP e o governo, o que pode levar a novas paralisações no futuro.
A greve dos maquinistas da CP, portanto, não é um evento isolado, mas parte de um movimento mais amplo por melhores condições de trabalho e segurança no transporte ferroviário em Portugal. Essa situação deve ser acompanhada atentamente, uma vez que o transporte público é vital para o funcionamento das grandes cidades e a vida cotidiana de milhões de cidadãos.
Os próximos passos do governo e do sindicato serão cruciais para determinar se o diálogo retorna ou se novas greves podem ocorrer, impactando ainda mais a mobilidade em Portugal.