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Educação

Resgatando o Passado: A Educação Clássica e o Retorno às Artes Liberais

Resgatando o Passado: A Educação Clássica e o Retorno às Artes Liberais


O modelo tradicional das artes liberais, dividido em Trivium e Quadrivium, não apenas ensinava fatos, mas formava o pensamento crítico, dando aos alunos ferramentas para organizar e interpretar o conhecimento.

27 setembro 2024

O modelo tradicional das artes liberais, dividido em Trivium e Quadrivium, não apenas ensinava fatos, mas formava o pensamento crítico, dando aos alunos ferramentas para organizar e interpretar o conhecimento.

27 setembro 2024

Um modelo diferente de educação? Professor resgata forma tradicional de ensino

Há um tempo em que a educação se construía sobre fundamentos sólidos, refletindo uma sabedoria que atravessou séculos. Nas civilizações greco-romanas e na Idade Média, não se tratava apenas de acumular informações, como vemos em muitos currículos modernos, mas de preparar a mente para compreender o mundo em profundidade. Era o que chamavam de artes liberais, um sistema que, de certa forma, espelha o que outrora formava os grandes pensadores e filósofos. Rafael Falcón, um professor dedicado ao resgate desse modelo, propõe um retorno a essa forma de ensino, como uma alternativa ao método atual, que muitas vezes se perde em superficialidades.

As sete artes liberais: um caminho para a compreensão do mundo

As artes liberais não eram chamadas assim por acaso. Elas concediam liberdade ao aluno para desenvolver sua própria capacidade de raciocínio, sua visão crítica, sua habilidade de abstração e, com isso, sua compreensão do mundo ao redor. Esse modelo educativo tradicional se dividia em duas partes principais: o Trivium e o Quadrivium.

O Trivium, composto por gramática, lógica e retórica, era o primeiro passo. Ele dava ao aluno as ferramentas para entender e se expressar de maneira clara e coerente. Não basta saber, é preciso saber como expressar e, mais importante, como pensar criticamente sobre aquilo que se sabe. Aqui está o diferencial desse modelo: antes de inundar o aluno com fatos, ele ensinava como organizar o pensamento, a arte de construir ideias e interpretá-las corretamente.

Depois vinha o Quadrivium, com matérias como aritmética, geometria, música e astronomia. Nesse estágio, o aluno já dominava a arte de pensar e comunicar, e estava preparado para entender as complexidades do mundo físico e abstrato. A educação não era um simples depósito de informações, mas um processo profundo de formação do intelecto.

Um modelo que busca remover os obstáculos da compreensão

Rafael Falcón, no programa Conversa Paralela, defendeu que o sistema das artes liberais, diferentemente da metodologia moderna, trabalha as faculdades cognitivas humanas. Ele lembra que os defensores desse sistema, especialmente no contexto medieval, viam a educação como uma escavação: o conhecimento não era simplesmente despejado na mente dos alunos, mas sim extraído com paciência, como quem remove camadas para revelar o que está por baixo. O objetivo era desobstruir o caminho da inteligência, permitindo que ela operasse de forma plena e eficiente.

Falcón argumenta que a educação contemporânea, ao contrário, muitas vezes sobrecarrega os estudantes com uma avalanche de informações desconexas, sem lhes ensinar como pensar sobre elas de maneira crítica e ordenada. "Em vez de despejar entulho sobre a criança, é preciso retirar", ele diz. Ou seja, a educação precisa ser um processo de libertação, não de opressão mental.

A educação no Brasil: o espelho de uma ideologia

Olhando para a educação no Brasil, podemos observar que ela reflete fortemente as correntes de pensamento que predominam nas universidades. Professores, acadêmicos, e até políticos que moldam nossas políticas educacionais, frequentemente formam suas visões com base nas ideias mais populares nessas instituições. Mas, como Falcón sugere, talvez seja hora de questionarmos se esse caminho é realmente o melhor.

Nosso sistema atual inunda os alunos com uma infinidade de conteúdos factuais, mas negligencia a formação de uma base sólida em pensamento crítico e argumentação lógica. O resultado? Uma educação que muitas vezes parece vazia de propósito, focada em diplomas e não no desenvolvimento integral do ser humano.

Um olhar para o futuro: resgatar a sabedoria do passado

Retornar a um modelo educacional como o das artes liberais não é apenas um capricho nostálgico, é uma busca por algo que perdemos no caminho. A educação, quando bem feita, não apenas nos ensina a o que pensar, mas como pensar. Ela nos dá as ferramentas para viver de maneira mais plena, para compreender o mundo em toda a sua complexidade e beleza.

Talvez seja a hora de refletirmos sobre o que realmente queremos para nossas futuras gerações. Será que continuaremos a seguir o modelo atual, que muitas vezes sufoca a criatividade e a capacidade crítica? Ou será que, como Rafael Falcón sugere, devemos olhar para trás, aprender com o passado, e redescobrir um modelo que valorize o intelecto humano em sua forma mais pura?

A resposta está em nossas mãos, e, como sempre, o futuro da educação dependerá das escolhas que fazemos hoje.

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