Educação
Escola na Croácia desafia o neoliberalismo e busca recriar a sociedade em Lisboa
Escola na Croácia desafia o neoliberalismo e busca recriar a sociedade em Lisboa

A educação tem se mostrado um pilar essencial na construção das sociedades contemporâneas, especialmente em tempos de crise. A Escola Insular de Autonomia Social (ISSA), localizada na deslumbrante ilha Vis, na Croácia, emerge como uma proposta inovadora que promete desafiar o status quo. Em uma conferência recente na Culturgest, em Lisboa, pensadores e criadores reuniram-se para discutir a urgência de um novo modelo educacional, longe das práticas neoliberais que têm dominado as instituições de ensino até então.
Durante o evento, Srećko Horvat, um influente filósofo croata e protagonista no desenvolvimento da ISSA, destacou que a escola vai além da teoria; ela é um verdadeiro laboratório de ideias que coloca em prática a construção de uma nova forma de viver e aprender. Este esforço é especialmente relevante em tempos de pandemia, aquecimento global e crescente desigualdade social, problemas que exigem soluções criativas e colaborativas. A ISSA busca uma educação que permita aos alunos interagir não só com o conhecimento, mas também com a realidade social que os cerca.
As atividades desenvolvidas na escola são uma combinação de técnicas modernas e processos tradicionais, como a construção de muros de pedra e a implementação de tecnologia solar. Essa abordagem não apenas ensina técnicas práticas, mas também inspira um sentido de pertencimento e responsabilidade comunitária. O ambiente escolar é projetado para fomentar a colaboração, desafiando a individualização e a competição, amplamente incentivadas nas escolas convencionais. Mais importante ainda, a escola se propõe a ser um espaço de aprendizado ativo, onde teoria e prática estão interligadas.

Outro ponto central discutido na conferência foi o papel da arte e da cultura na educação. Artistas, poetas e criadores participaram do debate, explorando como a arte pode atuar como uma ferramenta poderosa na construção de novas formas de vida e resistência. A ISSA não se restringe a ser uma instituição tradicional; ela abraça a pluralidade das expressões humanas como parte do processo educativo. O diálogo entre a arte e a educação é essencial para formar indivíduos críticos, capazes de questionar e transformar a sociedade ao seu redor.
Ao refletir sobre a crise mundial, a ISSA propõe que a educação deve ser um espaço de convivência e troca, onde a autonomia se constrói coletivamente. O modelo educacional da escola é uma resposta direta à fragmentação das relações sociais, promovendo um ambiente onde a colaboração é a norma. Assim, em vez de competir, os alunos aprendem a valorizar a diversidade e a interdependência. Com essa abordagem, a ISSA visa inspirar um novo movimento de aprendizado que rejeita a lógica de competitividade e individualismo.
O apoio de pensadores renomados, como o filósofo Franco “Bifo” Berardi, reforça a credibilidade da ISSA como uma alternativa educacional viável. Ao reunir diversas personalidades envolvidas com arte e ativismo social, a escola se posiciona como um espaço de inovação que não apenas capacita indivíduos, mas também forma comunidades mais coesas. A ideia é não voltar a métodos de ensino ultrapassados, mas sim avançar em direção a um modelo que integra mente e prática, teoria e ação.
Em conclusão, a Escola Insular de Autonomia Social não apenas oferece um novo caminho para a educação, mas também representa uma esperança renovada para a sociedade. Seu modelo inovador, que integra práticas educacionais com conscientização social e ambiental, pode servir de exemplo para outras instituições ao redor do mundo. À medida que os desafios globais se intensificam, iniciativas como a da ISSA mostram que é possível reconstruir a sociedade de uma maneira mais justa e sustentável. A conferência em Lisboa deixou claro que o futuro da educação está nas mãos de todos nós, e a colaboração é a chave para uma transformação real. Ao impulsionar a autonomia e a convivência, a ISSA se apresenta como um farol de esperança para uma nova era educacional, onde todos podem prosperar juntos.