Educação
A Fragilidade da Autoestima nas Crianças: Uma Análise Crítica
A Fragilidade da Autoestima nas Crianças: Uma Análise Crítica
O artigo discute a fragilidade da autoestima nas crianças contemporâneas, desafiando a ideia de uma autoconfiança robusta.
O artigo discute a fragilidade da autoestima nas crianças contemporâneas, desafiando a ideia de uma autoconfiança robusta.

A autoestima é um elemento crucial na formação da identidade infantil e, nos dias atuais, a sua importância nunca foi tão debatida. As crianças contemporâneas parecem ostentar uma autoconfiança robusta, mas essa imagem pode estar apenas na superfície. Embora os adultos se esforcem para promover um ambiente onde a autoestima seja constantemente reforçada, é fundamental questionar até que ponto essa autoestima é realmente sólida. A comparação com os pares e a competitividade exacerbada, fatores comuns na era digital, podem impactar negativamente a saúde psicológica das crianças.
O pedopsiquiatra Pedro Strecht e o psiquiatra Christophe André advogam que a autoestima narcisista, muitas vezes exaltada por elogios excessivos, é, na verdade, instável. Tal autoestima depende da validação externa e acaba se tornando vulnerável a críticas ou insucessos. Como os últimos anos mostraram, essa dependência de reconhecimento pode desestabilizar a autoestima, levando a crises emocionais. O que muitos não percebem é que a verdadeira autoestima deve ser internalizada, construída sobre um alicerce de virtudes e crescimento pessoal, em vez de estar atrelada a conquistas superficiais ou aparência social.
Para que a autoestima se desenvolva de maneira saudável, as crianças precisam aprender a aceitar a frustração e a lidar com o fracasso. A habilidade de enfrentar desafios e aceitar que nem sempre sairão vitoriosas é vital para o fortalecimento de uma autoestima genuína. É esse processo de enfrentamento que ensina resiliência e promove um autoconhecimento profundo. Diferentemente da autoestima inflacionada, que foca em resultados externos, a verdadeira autoestima se baseia no crescimento pessoal e na capacidade de apreciar as conquistas, independentemente de como são percebidas pelos outros.
Edificar uma autoestima sólida significa promover um ambiente que valorize não apenas o sucesso, mas também o aprendizado que advém das quedas. Isso envolve a celebração das pequenas vitórias e o reconhecimento do esforço, independentemente do resultado final. Pais e educadores desempenham um papel fundamental neste processo, ao nutrir habilidades socioemocionais nas crianças, ajudando a construir um senso de valor próprio que não dependa das aparências ou da aceitação social.
O caminho para uma autoestima saudável começa em casa e na escola, onde os valores devem ser ensinados com exemplos e práticas. Incentivar o diálogo sobre sentimentos e emoções permite que as crianças desenvolvam uma compreensão mais profunda de si mesmas e aprendam a lidar com suas inseguranças. A verdadeira autoestima se traduz em confiança e autonomia, permitindo que as crianças explorem o mundo ao seu redor sem medo de errar. À medida que se tornam mais resilientes, desenvolverão uma autoestima que não só é forte como também resistente às adversidades da vida.
Concluindo, a autoestima nas crianças é um tema complexo que vai muito além do que os elogios superficiais podem oferecer. É um processo que requer tempo, paciência e dedicação por parte de adultos que compreendem a importância de uma construção sólida e verdadeira da autoestima. O foco deve ser no desenvolvimento interior e na aceitação das falhas como parte natural do crescimento. Somente assim, será possível promover autoconfiança real e duradoura, equipando as novas gerações com as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios do mundo de forma saudável e equilibrada.
Fonte:
https://www.publico.pt/2025/01/19/impar/opiniao/autoestimas-insufladas-frageis-2118946.