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Investigação

Demência em Idosos e Desafios em Lares: A Alta Taxa de Inquéritos Arquivados

Demência em Idosos e Desafios em Lares: A Alta Taxa de Inquéritos Arquivados


A demência e a realidade isolada dos lares de idosos estão gerando arquivamentos alarmantes de inquéritos-crime, conforme relatou a procuradora Inês Martins do DCIAP.
24 de dezembro de 2024
A demência e a realidade isolada dos lares de idosos estão gerando arquivamentos alarmantes de inquéritos-crime, conforme relatou a procuradora Inês Martins do DCIAP.
24 de dezembro de 2024
Demência em Idosos e Desafios em Lares: A Alta Taxa de Inquéritos Arquivados

A crescente preocupação com a realidade dos lares de idosos e a prevalência da demência tem trazido à tona questões alarmantes sobre os maus tratos a essa população vulnerável. A procuradora Inês Martins do DCIAP revelou que, em muitos casos, as investigações sobre abusos em lares acabam sendo arquivadas devido à dificuldade em reunir provas. Essa situação é ainda mais complicada por se tratar de ambientes fechados, onde poucos testemunhos podem ser coletados e as evidências são escassas.

Com uma taxa de arquivamento de aproximadamente 98%, destaca-se, portanto, a necessidade urgente de abordagens mais eficientes para lidar com essas denúncias. A maioria das reclamações surge de denúncias anônimas, o que torna quase impossível alcançar uma conclusão concreta sem os testemunhos dos familiares ou das próprias vítimas, que muitas vezes não conseguem relatar abusos pela sua condição de saúde.

Em 2023, a Procuradoria-Geral da República decidiu centralizar esses inquéritos no DCIAP, sob a direção da procuradora-geral Lucília Gago. No entanto, essa estratégia foi revertida em novembro de 2024, com a nomeação do novo procurador-geral, Amadeu Guerra, que devolveu a titularidade dos inquéritos aos procuradores locais. Essa mudança busca promover uma investigação mais próxima das vítimas e de seus familiares, melhorando a eficácia do processo.



Amadeu Guerra enfatizou a importância da proximidade geográfica na condução dessas investigações. A necessidade de longos deslocamentos gerava atrasos que comprometiam a agilidade das respostas institucionais às denúncias. O novo modelo de gestão proposto visa não apenas acelerar o processamento das denúncias, mas também humanizar a abordagem em relação às vítimas e suas famílias, algo que se mostrou essencial para garantir a confiança nas instituições que deveriam protege-las.

Além disso, Guerra observou que muitos inquéritos não estão relacionados à criminalidade econômico-financeira, como preconceituosamente se pensava, mas estão ligados a situações de maus tratos e desamparo. Esta revelação muda a percepção negativa em relação às instituições de justiça e suas priorizações, demonstrando que a proteção dos idosos deve ser uma pauta central nas discussões sociais.

O cenário dos lares de idosos no país é alarmante, com um número crescente de denúncias indicando a existência de lares ilegais, onde as condições de vida são precárias e muitas vezes insuportáveis. Com o novo enfoque oferecido pela descentralização, espera-se que esses lares ilegais sejam investigados com mais rigor, proporcionando maior proteção aos cidadãos mais vulneráveis e garantindo um sistema de assistência mais digno e justos.



As denúncias de maus tratos em lares de idosos não apenas chamam a atenção do sistema judiciário, mas também mobilizam a sociedade civil a se engajar na defesa dos direitos dos idosos. Com uma abordagem mais ativa e próxima das vítimas, as autoridades podem criar um ambiente onde mais pessoas se sintam seguras para denunciar abusos. Essa cultura de denúncia é fundamental para erradicar práticas abusivas e garantir que os lares de idosos obedeçam a normas adequadas de assistência.

Em conclusão, a gestão dos inquéritos relacionados à demência e maus tratos em lares de idosos exige um esforço coletivo que envolve tanto o aparato judicial quanto a sociedade como um todo. A expectativa com a nova configuração das investigações é que cada vez mais idosos possam viver com dignidade e respeito, em ambientes que realmente cuidem de suas necessidades. A mudança de abordagem proposta por Amadeu Guerra pode ser um passo significativo nessa luta por justiça e dignidade para os idosos.

Portanto, enquanto as instituições ajustam suas estratégias, a mobilização social é essencial para garantir que os direitos dos idosos sejam efetivamente respeitados e protegidos em todos os lares, sejam eles legais ou não.

Fonte:


https://www.publico.pt/2024/12/24/sociedade/noticia/demencia-idosos-realidade-fechada-lares-explicam-taxa-elevada-inqueritoscrime-arquivados-2115327