História e Filosofia Política
USP homenageia estudantes que resistiram à ditadura militar em emocionante cerimônia
USP homenageia estudantes que resistiram à ditadura militar em emocionante cerimônia

No último dia 28 de março de 2025, a Universidade de São Paulo (USP) realizou um ato simbólico significativo ao homenagear quatro estudantes que perderam a vida em decorrência da resistência à ditadura civil-militar brasileira, que perdurou de 1964 a 1985. A cerimônia aconteceu no Auditório Professor Francisco Romeu Landi, localizado na Escola Politécnica da USP, e fez parte do projeto de 'Diplomação da Resistência'. Esse projeto visa reconhecer e celebrar a coragem de alunos, servidores e docentes que enfrentaram os abusos e injustiças cometidos pelo regime militar.
Em um período sombrio da história do Brasil, a Comissão Nacional da Verdade revelou que 434 indivíduos foram mortos ou desapareceram, sendo 47 deles vinculados à comunidade da USP. Esse dado destaca a importância do reconhecimento dessas vidas que foram ceifadas e o sofrimento que muitas famílias enfrentaram. A USP, ao homenagear estudantes como Lauriberto José Reyes, Manoel José Nunes Mendes de Abreu, Olavo Hanssen e Luiz Fogaça Balboni, busca preservar a memória daqueles que lutaram por liberdade e justiça.
A história de Lauriberto é especialmente tocante, uma vez que ele foi assassinado aos 26 anos. A versão oficial, que alegava troca de tiros com a polícia, foi desmentida por investigações posteriores realizadas por sua família, que apresentaram evidências de que ele havia sido perseguido antes de ser executado por militares. Essa narrativa sublinha a urgência de se reavaliar e se falar sobre os horrores que aconteceram durante a ditadura, revelando um lado sombrio da história brasileira que muitas vezes foi silenciado.

O evento de homenagem também trouxe à tona a trajetória de Manoel José Nunes Mendes de Abreu, que chegou ao Brasil fugindo da opressão da ditadura de Salazar em Portugal. Ele, assim como Lauriberto, foi vítima da repressão e acabou perdendo a vida em uma emboscada. O testemunho de sua irmã, Maria da Graça Mendes de Abreu, é uma poderosa lembrança do impacto emocional que esses eventos podem ter sobre as famílias, perpetuando um ciclo de dor e luta por justiça que se estende por gerações.
A importância de iniciativas como a da USP vai além do reconhecimento. Elas servem como um alerta sobre os riscos da complacência diante da opressão, ressaltando a necessidade de enfrentar qualquer forma de injustiça. Em um mundo onde os direitos humanos ainda enfrentam desafios, educar as novas gerações sobre a resistência e a luta pela liberdade é fundamental. Dessa forma, não apenas se preservam memórias, mas também se forjam consciências críticas que podem atuar em defesa dos direitos básicos que muitos ainda lutam para garantir.
Através da 'Diplomação da Resistência', a USP reafirma seu compromisso com a história e a verdade, promovendo um espaço de reflexão e aprendizado sobre as lutas travadas por aqueles que se opuseram aos abusos de poder. Recognizer o passado é essencial para que não se repitam os erros, e a educação é uma ferramenta poderosa nessa construção de um futuro mais justo e igualitário.

Por meio desse evento, as famílias das vítimas têm a oportunidade de lembrar e homenagear seus entes queridos, que de alguma forma contribuíram para a defesa dos direitos humanos e da democracia. O ato simbólico da USP não apenas honra a memória dos que já se foram, mas também incita uma discussão necessária sobre a relevância da história em nossa sociedade atual. A luta pela memória e pelo reconhecimento é um passo importante na construção de uma nação que visa a justiça e a verdadade.
Concluindo, a festividade promovida pela USP é um lembrete potente da resiliência e do espírito daqueles que se levantaram contra a opressão. A memória da luta pela liberdade deve ser constantemente reavivada, especialmente em tempos em que questões de direitos humanos estão novamente em pauta. A universidade, ao proceder com essas homenagens, não só educa, mas também inspira aqueles que se encontram na linha de frente na luta pela justiça. Essa conexão entre passado e presente é vital para a construção de um futuro mais iluminado e equitativo.
Assim, a 'Diplomação da Resistência' e eventos semelhantes são essenciais para manter viva a chama da memoria e da luta pela liberdade, pois cada história contada é uma lição valiosa para as gerações presentes e futuras.