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História e Filosofia Política

Reflexões sobre a educação e a liberdade no contexto do Estado Novo

Reflexões sobre a educação e a liberdade no contexto do Estado Novo


O artigo de António Galopim de Carvalho sobre a escola pública durante o Estado Novo reflete críticas importantes que ecoam na educação moderna e destaca a necessidade de liberdade no sistema educacional.
09 abril 2025
O artigo de António Galopim de Carvalho sobre a escola pública durante o Estado Novo reflete críticas importantes que ecoam na educação moderna e destaca a necessidade de liberdade no sistema educacional.
09 abril 2025
Reflexões sobre a educação e a liberdade no contexto do Estado Novo

No contexto da educação durante o Estado Novo em Portugal, António Galopim de Carvalho traz à tona reflexões valiosas e significativas sobre um período que moldou a formação de várias gerações. A escola pública daquela época, sob a orientação do regime de Salazar, limitava-se a funções estritamente ideológicas, transformando o aprendizado em uma ferramenta de controle social. Assim, muitos cidadãos que hoje desfrutam da liberdade alcançada, tiveram suas raízes plantadas em um solo de repressão e conformismo.

A educação naquele tempo era marcada por uma severa segregação de gêneros, onde meninos e meninas recebiam formações distintas e, muitas vezes, complementares, mas sempre dentro dos parâmetros ditados pelo Estado. Os currículos eram recheados de nacionalismo exacerbado, apresentando uma visão distorcida da história e do futuro que se desejava para a nação. Carvalho relembra que o foco não estava na formação crítica e construtiva, mas sim na adaptação dos alunos a uma vida de submissão e trabalho manual.

Essas memórias pessoais de Carvalho não são apenas um exercício de nostalgia, mas um alerta para os perigos de um discurso populista que, atualmente, tenta glorificar o passado autoritário e minimizar suas atrocidades. Ele ressalta que a educação deve ser um espaço de liberdade, questionamento e formação de cidadãos conscientes e críticos, e que devemos valorizar a democracia e as liberdades conquistadas, mesmo com suas falhas.



O autor aponta que a abordagem educacional do Estado Novo tinha como objetivo preparar os alunos para um futuro onde a maioria das suas funções estaria voltada para ocupações manuais. Nesse sentido, a escola pública não só falhou em promover um ensino de qualidade, mas também em desenvolver o pensamento crítico, uma habilidade essencial em qualquer democracia. A mensagem institucional era clara: a obediência ao regime e a aceitação de um papel submisso eram os objetivos finais da formação recebida nas salas de aula.

Hoje, quando olhamos para o Brasil ou mesmo para Portugal, é impossível dissociar o valor da educação da luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Carvalho destaca que a escola deve servir como um baluarte da liberdade, algo inconcebível sob um regime que almejava apenas a manutenção do poder. Ao refletir sobre o assunto, ele nos convida a considerar se estamos realmente valorizando a educação tal como ela deve ser, ou se estamos, inadvertidamente, criando palcos de reencenação de práticas do passado que já deveriam ter ficado para trás.

Além disso, Galopim de Carvalho nos alertou sobre a expansão de ideais que podem ser comparados a métodos educacionais do passado. Muitos anseiam por um tempo em que as regras eram claras e a vida, supostamente, mais simples. No entanto, essa visão ignora as tensões e as dificuldades que existiram. A resistência ativa ao retorno desses valores passa pela valorização crítica da liberdade conquistada e uma educação que realmente capacite o cidadão.



Para Carvalho, a compreensão do passado deve servir de ensinamento, e não de romantização. A história demonstra que a educação sob o Estado Novo não era uma proposta de crescimento, mas sim uma tentativa incessante de anular a individualidade em nome de uma ideologia. Ele finaliza sua reflexão convocando todos a não esquecerem que a construção de uma sociedade livre deve passar, necessariamente, por um reconhecimento das práticas educacionais disponíveis hoje, que promovam verdadeiramente a liberdade de pensamento.

A reflexão sobre a educação durante o Estado Novo é mais relevante do que nunca. À medida que enfrentamos discursos populistas que buscam resgatar o passado, é crucial entender a importância de educar para a liberdade, e não para a obediência. Essa é uma das lições mais valiosas que podemos extrair das denúncias de António Galopim de Carvalho, e que devem ecoar nas vozes de todos os que valorizam a democracia e seus principios fundamentais.

Portanto, ao observar a trajetória da educação em Portugal e suas implicações na formação da sociedade, deve-se manter sempre a crítica e a avaliação constante daquilo que escolhemos para o futuro. A escola deve ser um verdadeiro espaço de liberdade, diálogo e formação cidadã, para que os erros do passado nunca mais se repitam.

Fonte:


https://www.publico.pt/2025/04/09/ciencia/opiniao/tempo-viver-escola-estado-novo-2128992
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