História e Filosofia Política
Fascismo e a Retórica da Empatia Suicidária: Um Retorno às Sombras da História
Fascismo e a Retórica da Empatia Suicidária: Um Retorno às Sombras da História

No atual cenário político global, a retórica do declínio se torna um fio condutor nas promessas de recuperação de grandezas perdidas. Essas promessas, por sua vez, alimentam os discursos das extremas-direitas, que se aproximam perigosamente das características do fascismo histórico. Ao analisar essa situação, historiadores e teóricos da política são cautelosos ao traçar analogias com o passado, especialmente com os anos 30 do século XX. O cuidado é justificado pela complexidade dos contextos sociais e políticos, que diferem significativamente entre as épocas. No entanto, o filósofo italiano Alberto Toscano, em seu livro Late Fascism, explora essa temática com uma reflexão crítica e aprofundada sobre as teorias do fascismo, buscando identificar elementos que possam iluminar o nosso tempo.
A noção de que o fascismo pode estar ressurgindo é, sem dúvida, um tema polêmico e repleto de nuances. Toscano argumenta que determinadas correntes contemporâneas têm similaridades com as do passado, e essa constatação deve ser examinada com atenção. A luta pela recuperação de valores perdidos e a nostalgia por tempos mais gloriosos são características que ressoam entre os defensores de ideologias extremistas. As promessas de recuperação muitas vezes se traduzem em uma retórica de divisão e exclusão, elementos essenciais na construção de discursos autoritários.
Além disso, o ano de 2023 trouxe novos desafios e transformações, especialmente com a situação política nos Estados Unidos. Na época em que Toscano escreveu, Trump ainda não havia sido reeleito, mas os eventos subsequentes indubitavelmente fortaleceram as bases de suas teorias. A ascensão de movimentos políticos que operam em um espectro detalhado da retórica extremista ilustra um cenário em que a empatia e a inclusão são frequentemente substituídas pela polarização e pelo sectarismo. Essa evolução requer uma vigilância constante e um debate aberto sobre como podemos impedir que esse ciclo se perpetue.

A análise das promessas de recuperação e suas implicações revela uma dinâmica complexa entre a sociedade e o Estado. Em muitos contextos, as promessas feitas por líderes populistas são recebidas com esperança, mas rapidamente se transformam em frustração quando confrontadas com a realidade. Isso gera um ciclo em que os apoiadores se tornam mais radicalizados, perpetuando a ideologia da extrema-direita. Toscano traz à tona essas questões ao argumentar que o fascismo se reinventa através de novos discursos e narrativas, aproveitando-se das vulnerabilidades sociais e econômicas.
Uma das características mais marcantes dos movimentos contemporâneos que se alinhavam à extrema-direita é a sua capacidade de transformar descontentamento em apoio. Essa transformação muitas vezes se baseia em narrativas simplistas que culpam grupos minoritários e promovem um retorno a um passado idealizado. O conceito de 'grandeza perdida' é utilizado como uma ferramenta retórica para galvanizar apoio, criando uma miragem de soluções rápidas para problemas complexos. Essa retórica, portanto, não deve ser subestimada em sua influência sobre a opinião pública e as decisões políticas.
A situação geopolítica atual, em constante mudança, serve como um palco para a manifestação dessas ideias. A crise sanitária e suas consequências econômicas exacerbaram o descontentamento com as instituições tradicionais, permitindo que discursos mais radicais ganhassem destaque. Historicamente, períodos de crise têm sido terreno fértil para o crescimento de ideologias autoritárias, e a situação atual não é exceção. Portanto, a obra de Toscano não é apenas uma reflexão sobre o passado, mas um alerta sobre os perigos do presente e do futuro.
Em sua conclusão, é fundamental ressaltar que as lições do passado devem ser uma bússola para não repetir os erros que levaram ao surgimento do fascismo no século XX. A vigilância ativa contra discursos de ódio e a promoção de uma política inclusiva são maneiras eficazes de combater o retorno das ideologias extremistas. A obra de Alberto Toscano serve como um ponto de partida para esse debate necessário, estimulando uma reflexão crítica sobre como os padrões de violência retórica podem evoluir e impactar as sociedades contemporâneas.
Como cidadãos, é nossa responsabilidade engajar em diálogos construtivos e resistir a narrativas que fomentam a divisão. Compreender os contextos históricos e suas intersecções com a atualidade é essencial para não permitir que uma nova onda de autoritarismo se estabeleça. Ao analisar as táticas e estratégias que estão sendo empregadas por grupos de extrema-direita, podemos trabalhar coletivamente para construir um futuro mais justo e equitativo, onde a empatia e o respeito prevaleçam sobre a retórica de ódio.
Portanto, a leitura atenta de obras como Late Fascism é essencial para qualquer pessoa que busca compreensão e conscientização sobre os riscos que enfrentamos. É um chamado à ação e à reflexão sobre o papel histórico que cada um de nós desempenha na defesa da democracia e dos direitos humanos, destacando a urgência de uma resposta coletiva à crescente influência dos discursos extremistas em nossa sociedade.