Economia e Mercado
Mercado financeiro considera privatização da Sanepar como solução viável
Mercado financeiro considera privatização da Sanepar como solução viável

A Sanepar, empresa responsável pelo abastecimento de água e saneamento no Paraná, enfrenta uma série de desafios que colocam em xeque sua gestão atual. Embora o governo do Paraná, liderado por Ratinho Junior, negue planos de privatização, indicadores financeiros sugerem que a empresa carece de uma administração mais eficiente. O cenário econômico e as novas legislações que incentivam a participação privada no setor de saneamento básico têm gerado um debate acalorado sobre a necessidade de melhorias na Sanepar.
Com a recente aprovação do Marco do Saneamento Básico em 2020, o setor começou a experimentar uma onda de investimentos e interesses por parte da iniciativa privada. Atualmente, 30% dos municípios brasileiros estão sob gestão privada, um aumento significativo em relação a menos de 6% antes da nova legislação. Isso demonstra um movimento crescente em direção à privatização, que pode trazer a tão necessária eficiência para empresas que, como a Sanepar, apresentam um histórico de ineficiências operacionais.
De acordo com a Abcom Sindcon, os investimentos em leilões chegaram a R$ 160,6 bilhões em 20 estados, evidenciando o apetite do mercado por oportunidades no setor. Recentemente, ações como a venda de 15% da Sabesp, uma das principais empresas de saneamento do Brasil, levantaram R$ 7 bilhões, resultando em um impulso similar no estado de Minas Gerais. Isso estabelece um precedente importante e indica que investidores estão atentos à potencial valorização de ativos como a Sanepar, que também é vista como uma opção atrativa dentro do setor.

Especialistas do setor, como Octávio Magalhães, ressaltam que a Sanepar não só é um ativo atrativo por sua resiliência, mas também pela segurança que oferece em um setor que tende a ser menos afetado por crises do que outros segmentos da economia. No entanto, alguns gestores de investimento, como a Miles Capital e a Riza Asset, expressam a necessidade de um choque de gestão na Sanepar. A Miles Capital, que já tem investimentos expressivos na Sabesp, aponta que a empresa paranaense possui ineficiências operacionais que precisam ser resolvidas para que se possa alcançar um crescimento nas ações e uma possível redução nas tarifas para os consumidores.
O elevado custo fixo da Sanepar em comparação às empresas privadas é evidência clara da necessidade de uma reavaliação na gestão. Além disso, o déficit em investimentos ao longo dos anos levou a um atraso significativo na universalização do saneamento básico no Paraná, comprometendo a qualidade dos serviços oferecidos à população. Nesse contexto, a comparação com outras estatais que, mesmo sem serem privatizadas, conseguiram elevar sua eficiência operacional, se torna ainda mais relevante.
As gestões ineficazes, aliadas a um cenário econômico em transformação, tornam a Sanepar um caso de estudo interessante para investidores e autoridades públicas. Um movimento em direção a uma gestão mais eficiente pode ser a chave não apenas para melhorar a performance da empresa, mas também para assegurar que as necessidades básicas de saneamento da população paranaense sejam atendidas de maneira adequada e sustentável.

A possibilidade de privatização pode ainda ser um tema delicado, uma vez que muitos cidadãos e trabalhadores têm preocupações sobre os impactos que isso poderia ter no acesso e na qualidade dos serviços. Contudo, a pressão por eficiência e resultados financeiros não pode ser ignorada. À medida que o setor privado se torna cada vez mais relevante no saneamento, a Sanepar deve avaliar suas estratégias e operações para permanecer competitiva e relevante.
Em suma, a discussão sobre a privatização da Sanepar, embora ainda negada pelo governo, ganha força à luz dos dados financeiros e das expectativas do mercado. Não se pode subestimar o poder das mudanças no cenário econômico e a necessidade de uma gestão que, acima de tudo, busque a melhoria contínua. A cautela é essencial, mas a transformação é imperativa.
Por fim, é crucial que órgãos reguladores e a sociedade como um todo estejam atentos às movimentações no setor de saneamento, para que qualquer decisão sobre a Sanepar leve em consideração tanto os aspectos econômicos quanto a proteção dos direitos dos cidadãos a serviços de qualidade.