Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Itália e Escócia fez uma descoberta que pode revolucionar nosso entendimento sobre as Pirâmides de Gizé. Utilizando uma tecnologia inovadora de radar de alta frequência, eles identificaram uma vasta rede de estruturas subterrâneas sob a base da icônica Pirâmide de Quéfren. Essas novas formações, que se assemelham a pilares, totalizam uma extensão impressionante de mais de 1.980 metros. As implicações dessa descoberta são profundas e instigantes, prometendo abrir novas avenidas para a pesquisa arqueológica.

A principal informação revelada aponta para a existência de poços cilíndricos que possuem 640 metros de profundidade, conectados a duas enormes câmaras cúbicas. Juntas, essas câmaras possuem um volume dez vezes maior do que as pirâmides que dominam a paisagem egípcia. Nicole Ciccolo, porta-voz do projeto, afirmou que essas descobertas não apenas ampliam nosso conhecimento sobre a topografia sagrada de Gizé, mas também suscitam novas perguntas sobre a civilização que construiu essas magníficas estruturas.

Entretanto, não demorou para que as revelações gerassem controvérsia entre os especialistas. A eficácia da tecnologia utilizada tem sido alvo de debate, especialmente após a contestação de figuras proeminentes como Zahi Hawass, um renomado egiptólogo. Hawass criticou as alegações dos pesquisadores, sugerindo que as técnicas utilizadas podem ser inadequadas para a detecção de tais estruturas a grandes profundidades. Esta oposição levanta a questão sobre a validade e confiabilidade das novas tecnologias aplicadas à arqueologia.

A discussão sobre as descobertas feitas pela equipe de pesquisadores vai além das questões técnicas. Lawrence Conyers, um professor da Universidade do Arizona, também se manifestou, desafiando a precisão das ferramentas modernas de radar em detectar objetos enterrados em profundidades significativas. A tensão entre os que apoiam as novas descobertas e os que permanecem céticos é palpável na comunidade científica.

Essas polêmicas são alimentadas pelo fato de que a pesquisa foi originalmente publicada na revista acadêmica Remote Sensing em 2022, mas ganhou nova atenção após uma apresentação na Itália, catalisando um renascimento do interesse público e acadêmico na história antiga do Egito. Este novo foco não só reacende debates sobre a relevância da arqueologia contemporânea, mas também sobre como as descobertas podem ser integradas ao panorama já complexo das civilizações antigas.

A possibilidade de uma cidade subterrânea ou de estruturas significativas sob Gizé se torna uma parte crucial do diálogo acadêmico. As implicações para a arqueologia e a história da civilização egípcia são inegáveis. O verdadeiro desafio agora será estabelecer uma linha de comunicação eficaz entre as novas pesquisas e os métodos tradicionais que têm sido a espinha dorsal dos estudos arqueológicos por décadas. Essa fusão pode potencialmente levar a um entendimento mais rico do passado.

Ainda que essas descobertas intrigantes tenham gerado animosidade entre especialistas, há um consenso crescente sobre a importância de manter um espaço aberto para investigação e discussão. Afinal, a história está em constante evolução, e novas tecnologias podem muito bem proporcionar novas perspectivas e insights sobre o que acreditamos saber. O futuro da pesquisa arqueológica sob as Pirâmides de Gizé pode muito bem estar apenas começando.

Os debates em torno dos métodos de pesquisa sublinham a importância de validação científica e rigor na exploração de estruturas históricas. As regras do jogo na arqueologia parecem estar mudando, e as contribuições interdisciplinares podem iluminar novos caminhos. Pesquisadores de diferentes áreas podem se unir para trabalhar em conjunto, utilizando avanços tecnológicos, enquanto respeitam o legado dos métodos tradicionais.

Ao final, o que fica claro é que a descoberta de uma rede subterrânea sob as Pirâmides não é apenas uma questão de estruturas físicas, mas de como abordamos, entendemos e, acima de tudo, respeitamos a rica tapeçaria da história humana. Nossa jornada para compreender melhores os antigos egípcios e suas obras-primas continua, e cada nova descoberta nos aproxima ainda mais de desvendar os segredos do passado.

Fonte:

https://revistaoeste.com/mundo/pesquisadores-revelam-cidade-subterranea-sob-as-piramides/